O Cristo de João




O Apóstolo João encontrava-se em Éfeso por volta do ano 90 da nossa era. Ele era o último dos Apóstolos que ainda vivia. Todos os demais haviam sidos mortos cruelmente. Um posicionamento religioso contrário à fé estava sendo disseminado no seio do Cristianismo. E isto levou João a escrever a sua primeira carta. Pessoas que por um tempo haviam vivido o Evangelho genuíno agora, de forma herética, distanciando-se da verdade, ensinavam que Jesus não tinha humanizado como haviam crido. Que Cristo havia sido apenas uma manifestação angelical. Que o Sangue de Jesus não possuía todos os efeitos que os Apóstolos haviam ensinado A triunidade (A pessoa do Pai, do Filho e do Espírito Santo) era também uma crença negada.. Que o ser humano não era tão pecador assim e não poderia ser responsabilizado pelas más atitudes. Com isso havia também uma abertura para a licenciosidade, a idolatria e adoração dos anjos. Outro erro gravíssimo era a crença de que a salvação dependia apenas de conhecer determinados conceitos, crença que até hoje se denomina Gnosticismo. O Apóstolo João, apesar da idade, escreve esta linda carta, em defesa da fé e apresentando o Genuíno Jesus Cristo.

Falar tudo sobre este Jesus que João cria é muito difícil, mas pelo menos uma verdade de cada capítulo já nos enriquecerá muito. No capítulo um, para João, Cristo havia sido real. “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida. (Porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai, e nos foi manifestada); O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo.” 1 João 1. 1-3.

Ele fala de um Cristo que havia ensinado. Ele o havia ouvido falar. Ele também o havia visto com seus olhos. Ele também afirma que havia tocado Jesus. Então o Cristo em quem João cria tinha sido uma pessoa real que havia falado, agido e permitido ser tocado. O Cristo de João não era uma fantasia, uma utopia. Não era um Cristo psicologizado, romantizado, teatralizado, construído pela mente humana. João havia ouvido Jesus ensinar, perdoar pecados, tocar leprosos, realizar milagres, chorar, andar sobre as águas e agonizar no gêtsemani.

No capítulo dois, para João, Jesus era o mediador perfeito. "Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo." 1 João 2.1 e 2. Carinhosamente João com um coração paterno, chama os irmãos de “meus filhinhos”. O Filho do trovão, arrogante no início do seu ministério, que queria que descesse fogo do céu para exterminar os opositores, agora era o Apóstolo do amor.

Orienta: “Não pequeis”, por que esta atitude é frontal à santidade e a pessoa de Deus. Não há nada pior na natureza humana que pecar, errar o alvo espiritual, ultrapassar os limites estabelecidos por Deus. Usar o que é de Deus contra Deus. Mas dizia João: “Se alguém pecar temos um advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo.” Para o pior problema, melhor amigo. O termo advogado aqui é Paracleto: Um amigo fiel, chamado para ficar ao lado, onde pode interceder, assumir a causa, resolver a questão e consolar na hora da solidão, do medo e dor. Mas como Jesus conseguiu esta credencial? João inspiradíssimo descreve: “E Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.” Propiciação significa: Sacrifício perfeito, sacrifício aceito pelo Pai, sacrifício substitutivo, em lugar de outro. Aliás, abrangente, suficiente para salvar a humanidade toda. João também havia visto Cristo morrer e derramar o Seu sangue no sacrifício perfeito do calvário. A bem da verdade foi o discípulo que mais perto ficou da cruz e pode receber uma das frases pessoais diretamente de Jesus. Filho eis aí tua mãe e Mãe eis aí teu filho – referindo-se a João e Maria.

No Capítulo três, Para João, Cristo era o alvo Eterno. "Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos." - 1 João 3.2. Tantas coisas boas que recebemos já nesta vida, por aceitar o que Cristo fez por nós. Jesus disse que receberíamos 100 vezes mais. Paz, esperança, alegria verdadeira, amor, perdão, libertação espiritual, certeza de salvação e muito mais que nenhum mercado, farmácia ou laboratório deste mundo pode fornecer, nós o recebemos pela graça e fé. Somente por estas maravilhas já valeria a pena se posicionar por Cristo. Mas o Senhor, infinito que é, nos oferece muito mais. A vida Eterna. Mas como será esta nova vida? Esta vida eterna. João, o discípulo mais amigo de Jesus escreveu: Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser.

Nossa mente não é capaz de entender os mistérios futuros. Todavia o texto reserva o melhor: “Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele;” Perceba: semelhantes e não iguais. Fomos criados, sustentados, amados, salvos por Ele e como se não bastasse na vida futura, seremos semelhantes a ele. A razão de existirmos é Jesus. O primeiro passo sempre é o dEle. Ele nos idealizou primeiro, morreu primeiro, salvou primeiro.

Na vida cristã, crescemos parecidos com Ele. Neste sentido encontramos em

2 Coríntios 3.18 – “Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.” O Espírito Santo nos transforma na imagem de Jesus. Jesus é o nosso modelo para transformação.

Romanos 8.29 – “Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.” Como é grandioso saber que fomos escolhidos antecipadamente, para sermos eternamente parecidos com Jesus.

No Capítulo quatro, Para João, o amor de Cristo era o modelo de vida. – “Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor. Nisto se manifesta o amor de Deus para conosco: que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por ele vivamos. Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados. Amados, se Deus assim nos amou, também nós devemos amar uns aos outros.” – 1 João 4.7-11. Igreja só é Igreja se tiver amor. Evangelho, só é Evangelho se for ungido de amor. Dons espirituais, somente produz efeito se forem conduzidos pelo amor. Conhecimento verdadeiro é somente quando é transmitido por amor. Filantropia, somente pode ajudar quando as mãos que agem estão enluvadas, revestidas pelo amor. Cristianismo sem amor é jardim sem flor ou flor plastificada, sem perfume. As promessas do Senhor somente podem ser vividas em plenitude quando se está presente o amor. É somente no terreno do amor que a semente da eternidade é lançada, germinada, cresce e produz frutos.

No quinto e último capítulo de 1ª carta, para o Apostolo João, Cristo era a única possibilidade verdadeira de vida. “Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida.” - 1 João 5.12. A grande questão da vida espiritual, não é se somos religiosos, se somos moralmente bons, se somos queridos na sociedade, se ajudamos as pessoas... Tudo isso é muito bom, mas deve ser conseqüência e não a causa primária. Para João, A causa primária, a condição “sina qua non” (sem a qual não), o alvo irremovível, a situação intransferível, O tesouro inegociável, a cláusula inalterável chamava-se Jesus. Sem meias palavras João define a espiritualidade: quem tem Jesus tem a vida, quem não tem Jesus não tem a vida.

Você já aceitou Jesus? Jesus está presente em sua vida? Voce age no nome dEle? O resultado é para a glória dEle? Jesus é uma questão resolvida pelo seu coração? Todos os princípios que Ele disse e viveu é verdadeiro para a sua vida?

Você pode dizer sim, para estas questões?

Então parabéns, O teu Cristo é o mesmo de João.

O caminho é Jesus, vá por ele.


Autor: Pr. Elias Alves Ferreira
Fonte www.estudosgospel.com.br

Por Antonio Wilmar