O NASCIMENTO DE MANASSÉS E EFRAIM



Gênesis 41: 50 - 52

1 - INTRODUÇÃO - 


Quando olhamos para a vida de José, para suas experiências e para os fatos que lhe ocorreram na convivência com seus irmãos, suas angústias e aflições no Egito, poderíamos até pensar que ele deveria ser um fracassado e derrotado, cheio de revolta contra tudo e contra todos, uma pessoa com o coração carregado de ódio e rancor contra seus irmãos, por tê-lo desprezado sem motivo justo e vendido aos ismaelitas como um reles escravo, aparentemente arruinando sua juventude. José poderia guardar no coração profundas mágoas pelas acusações mentirosas feitas pela mulher de Potifar, seu senhor egípcio, o qual o encerrou na prisão por alguns anos. E também pelo copeiro do rei, que após ter sido consolado e ajudado na prisão, o esqueceu por dois anos inteiros, demonstrando assim uma grande ingratidão por José. Todos estes fatos e outros tantos que não foram mencionados, como a profunda tristeza, solidão e saudade de seu lar e de seus pais, poderiam se constituir em fortes motivos para transformar José em um homem completamente revoltado e cheio de rancor. Mas não foi isso que aconteceu, pelo contrário, o que vemos em José é um coração isento de qualquer tipo de sentimento contra as pessoas que lhe fizeram mal. Ele não guardou no coração rancor ou revolta por tudo que sofreu, mas perdoou a todos, porque entendeu que tudo aquilo que sofreu era permitido pelo Senhor. Ele compreendeu que a mão de Deus estava sobre a sua vida e que aquelas coisas não estavam acontecendo por acaso, era o propósito do Senhor que estava se cumprimento na sua vida. José não guardou na sua mente nenhum pensamento contra ninguém, porque entendeu que estaria se opondo ao plano de Deus, que usava aquelas pessoas para tratar com ele. Vejamos o exemplo de Davi quando foi amaldiçoado por Simei. Ele poderia se defender e matar Simei, como aconselharam seus homens, mas Davi não o quis e respondeu: “Ora deixai-o amaldiçoar; pois o Senhor lhe disse: amaldiçoa a Davi... “ (II Samuel 16: 10).

2 - A Palavra diz que depois de passar treze anos de sofrimento e provações, José foi grandemente abençoado por Deus na terra do Egito. Ele venceu porque viu a mão do Senhor operando em seu favor e não a intervenção das pessoas com quem conviveu. O segredo da vitória e do crescimento que o Senhor deu a José diante de todas as adversidades que passou, estão revelados nos nomes dos dois filhos que lhes nasceram depois de tudo cumprido. Em Manassés e em Efraim estão inseridas as lições que precisamos aprender para vencermos e crescermos na Obra do Espírito. Neles José traduziu o sentido de sua vida e de suas experiências, e Deus usou esta oportunidade para nos ensinar a trilhar o mesmo caminho que seu servo trilhou.

Um detalhe para o qual precisamos atentar é que estas coisas aconteceram a José na época da fartura, durante os sete anos de abundância, antes que viesse o período longo da fome. Hoje o Espírito Santo tem nos abençoado abundantemente, o tempo profético que vivemos tem servido para nos alimentar e fazer crescer, antes que venha o período da grande seca (grande tribulação), quando ninguém mais poderá fazer nada.

Hoje existem muitos que não vêem as coisas que acontecem nas suas vidas como realizadas pelo Senhor, mas como fruto da interferência das pessoas que querem o seu mal. Enchem sua mente e seu coração de mágoas, de desconfianças, rancores e intrigas, e são cercados de inimizades e dissensões.

Mas olhemos para o que aconteceu com José e para o significado dos nomes dos seus filhos, e veremos qual é a vontade de Deus para aqueles que o servem.

3 - “E chamou o nome do primeiro Manassés; porque disse: Deus me fez esquecer de todo o meu trabalho, e de toda a casa de meu Pai”.

O nome do primeiro filho de José significa: “Que faz esquecer”. Mostrando que José não guardou na sua mente, nem no seu coração, qualquer mágoa ou rancor em relação a tudo que sofreu. Ele entendeu que o Senhor estava com ele, mesmo nas aflições e assim pode descansar no Deus de Israel. José não acalentou na sua mente qualquer pensamento contra seus irmãos que o venderam ao Egito, nem tampouco desejou vingança ou mal algum contra eles, mesmo tendo oportunidade para isso. Contra Potifar que o mandou prender, nem contra sua mulher que o caluniou, José requereu qualquer ajuste de contas. O copeiro do rei não sofreu qualquer tipo de represália ou perseguição por sua ingratidão, quando José se tornou governador do Egito. O segredo da vitória de José foi que ele manteve a mente firme no Senhor. A pureza de coração e a confiança na providência do Senhor o nortearam todos os dias do seu cativeiro, e como um verdadeiro servo do Senhor ele sofreu tudo calado sem murmurar contra a sua sorte, esperando na justiça Divina que no tempo certo foi cumprida.

A visão que José teve das circunstâncias que o cercaram, percebendo e reconhecendo a mão do Senhor em tudo, também precisa ser alcançada por nós hoje em dia, pois a Palavra orienta: “Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e Ele endireitará as tuas veredas” (Provérbios 3: 5 e 6). Vivemos uma hora de provações e precisamos entender o caráter de cada uma delas. Se somos tratados injustamente por alguém não podemos ir logo nos revoltando e exigindo nossos direitos, como o mundo o faz. Não podemos criar logo um inimigo, enchendo o nosso coração de indignação e assumindo a posição de não perdoar as pessoas, senão diante de um solene pedido de perdão. Às vezes passamos anos e anos guardando na mente uma mágoa de uma pessoa que Deus usou para tratar conosco, e não percebemos isso. Vejamos novamente o exemplo de Davi, que perdoou Saul, Simei, seu filho Absalão e tantos outros que buscaram o seu mal. Quando não perdoamos e esquecemos, ao invés de crescermos, diminuímos e até enfermamos mortalmente. E o que é pior, estamos resistindo à Obra de Deus nas nossas vidas e na vida dos outros.

Se “Manassés” não nascer em nós, “Efraim” jamais nascerá.

4 - “E o nome do segundo chamou Efraim; porque disse: Deus me fez crescer na terra da minha aflição”.

Efraim significa “Duplamente frutífero”. Ele aponta para a segunda fase da Obra de Deus na vida de José: o crescimento.

Depois que José passou por todas as suas tribulações, pela mão do Senhor, veio a se tornar Governador de todo o Egito. Todas as adversidades foram superadas e esquecidas e Deus reverteu o quadro da vida de seu servo. Agora era chegado o momento da benção e da abundância, e nos dias da fome todos vinham a José para obter alimento, o qual agia com misericórdia por causa do que sofreu. José agora podia avaliar o sofrimento das pessoas e a fome que sentiam, por isso atendia a todos. Até mesmo aos seus irmãos que o maltrataram e o venderam como escravo, José tratou com brandura. Pois se alguém não amar seus irmãos, como amará os de fora ?

O Senhor fez prosperar a José e ele cresceu muitíssimo. Tudo por causa do perdão e da misericórdia. Se José tivesse guardado na sua mente qualquer queixa contra o que sofreu e se deixado levar pelo sentimentalismo e pelo rancor, nada disso teria acontecido. A Obra de salvação que o Senhor realizou através dele não teria se cumprido, e ele seria um homem revoltado e vingativo, cujo nome estaria esquecido e incluído entre aqueles que falharam no cumprimento do propósito de Deus. Mas o nome de José permanece diante de Deus para testemunho até os dias de hoje.
                
5 - CONCLUSÃO - 

O Senhor tem este mesmo propósito para com a sua igreja e cada um dos seus servos nesta última hora. Ele quer realizar uma grande Obra e nos fazer crescer, mesmo em meio às aflições que sofremos nesta vida. Mas para que isso aconteça, é necessário que esqueçamos de todas as palavras e atitudes más que porventura alguém nos tenha feito, e rejeitar veementemente toda e qualquer dissensão e contenda, para que a igreja, e nós mesmos cresçamos, e a Obra do Senhor prospere nas nossas vidas.

Estamos vivendo um momento de grande fome espiritual em todo o mundo; as pessoas estão desesperadas em busca do “Pão da Vida”, e nós precisamos perceber isso e entender que Deus quer nos usar para alimentar e salvar muitas vidas preciosas. A Obra tem crescido, mas o Senhor quer que ela cresça ainda mais, pois a volta do Senhor Jesus se aproxima, por isso precisamos entender o momento profético que estamos vivendo.

Vejamos as palavras do Apóstolo Paulo em Filipenses 3: 13 e 14.

“Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que trás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”.


Por: Wallace OLIVEIRA CRUZ RODRIGUES MOURA