4º Trimestre/2012
Texto Básico: Jonas 1:1-3,15,17; 3:8-10; 4:1,2
"E Deus viu as obras deles, como se converteram do seu mau caminho; e Jesus se arrependeu do mal que tinha Isto lhes faria e não o fez"(Jn 3:10).
INTRODUÇÃO
O livro de Jonas conta a história da fuga deste profeta e como Deus o deteve e o fez retomar. Porém esta é mais do que a história de um homem e de um grande peixe; na verdade, é uma profunda ilustração da graça e da misericórdia de Deus. Ninguém era menos merecedor do favor de Deus que o povo de Ninive, a capital da Assiria. E Jonas sabia disso. Mas compreendia também que Deus os perdoaria e abençoaria, se abandonassem o pecado e o adorassem. Jonas conhecia o poder da mensagem divina e que, mesmo através de sua humilde pregação, eles responderiam e seriam poupados do juízo de Deus. Porém Jonas odiava os assírios e desejava a vingança, não a misericórdia. Por esta razão fugiu. Finalmente Jonas obedeceu e pregou nas ruas de Ninive; o povo arrependeu-se e livrou-se do juízo de Deus.
I. O LIVRO DE JONAS
1. Contexto histórico. O reinado de Jeroboão II (793-753 a.C) estabelece o contexto histórico da história de Jonas. Esse monarca foi um dos grande líderes militares da história de Israel. De acordo com 2Rs 14:25-28, ele impôs sua autoridade sobre os territórios de Damasco e Hamate, restaurando assim a fronteira ao norte de Israel dentro dos limites que possuía nos tempos de Salomão (1Rs 8:65). É claro que o reinado de Jeroboão II, assim como o do seu contemporâneo judeu Azarias (também chamado de Uzias, 792-740 a.C), introduziu um período de notável paz e prosperidade. Como Eliseu e Jonas haviam profetizado (2Rs 13:19-25; 14:25), o reino do Norte desfrutou de uma expansão territorial às custas da Síria. Pelas aparências externas do crescimento populacional, da expansão territorial e da atividade comercial, Israel foi realmente abençoado por Deus. É bem provável que, nesse período, Jonas tenha se tornado um profeta ideologizado. Ele tinha consciência, por exemplo, de que nos seus dias a grande ameaça para Israel era a Assíria, cuja capital era Nínive (2Rs 15:39). Esse é o pano de fundo que revela o sentimento de Jonas e as suas motivações para fugir da missão divina em vez de cumpri-la. Jonas deseja ver a total destruição de Nínive, a capital da Assíria, e não a sua salvação.
Apesar do foco narrativo fixar-se no profeta, o Livro de Jonas é uma história sobre a misericórdia e o amor de Deus. O Senhor era o Deus de Israel, e aquela nação tinha especialmente recebido a misericórdia e a salvação da aliança de Deus. Mas Jonas, juntamente com muitos dos seus compatriotas, reagiu com tamanho orgulho nacional e particularismo ético que não conseguiu ver o sublime alcance da graça de Deus. Jonas haveria de aprender junto com a nação, que Israel não possuía o monopólio do amor redentor de Deus (At 10:34-35; Rm 3:29). A história confirma as palavras do Salmo 145:8: “Benigno e misericordioso é o Senhor. Tardio em irar-se e de grande clemência”.
O arrependimento de Nínive, diante da pregação de Jonas, ocorreu no reinado de um destes dois monarcas assírios: Adade-Nirari III (810-783 a.C), cujo governo foi marcado por uma tendência para o monoteísmo; ou Assurda III (783-755 a.C), em cuja administração houve duas grandes pragas (765 e 759 a.C) e um eclipse do sol (763 a.C). Estas ocorrências podem ter sido interpretadas como sinais do juízo divino, preparando a capital da Assíria à mensagem de Jonas.
Não podemos negar a historicidade de Jonas sem atingir a credibilidade do Senhor Jesus (Mt 12:39-41; Lc 11:29-32). Foi Ele quem citou Jonas como um personagem histórico, fazendo referência aos três dias e três noites que passou no ventre do grande peixe como um símbolo do seu sepultamento e ressurreição.
2. Vida Pessoal de Jonas. Jonas foi um profeta de Israel, o Reino do Norte, durante o reinado de Jeroboão II (793-753 a.C). O seu ministério teve lugar pouco depois do de Eliseu (cf 2Rs 13:14-19), coincidiu parcialmente com o de Amós (Am 1:1) e foi seguido pelo de Oséias (cf Os 1:1). Embora o livro não declare o nome do autor, seguramente foi o próprio Jonas quem o escreveu.
Em 2Reis 14:25, ficamos cientes que “Jonas, filho de Amitai”, era um profeta experiente e de confiança, a quem “veio a Palavra do SENHOR”(Jn 1:1). Tratava-se de um homem a quem Deus falava e revelava sua vontade. A passagem de 2Reis também nos informa que era um nativo de Gate-Hefer, da Galiléia, local mais tarde conhecido por Caná. É bem possível que esta cidade, situada quase sete quilômetros ao norte de Nazaré, tenha sido visitada muitas vezes por Jesus durante os 30 anos de obscuridade em Nazaré. No entanto, sabemos com certeza que foi aqui que Cristo compareceu a uma festa de casamento e fez seu primeiro milagre registrado (João 2:1-11; cf.tb. João 4:46; 21:2). Os fariseus que disseram a Nicodemos: “Da Galiléia nenhum profeta surgiu”(João 7:52), devem ter se esquecido de Jonas ou não conhecia bem as Escrituras.
A tradição considera que Jonas é o jovem profeta tímido mencionado em 2Reis 9:1-11. Os estudiosos creem que ele era um dos alunos da escola de profetas de Eliseu. Ele cresceu sob a influência espiritual desses grandes gigantes de Deus. Reputa-se tradicionalmente que estava entre os 7.000 mencionados em 1Reis 19:18 que não se curvaram a Baal.
O nome do seu pai, “Amitai”, significa “verdadeiro”. Certamente o nome do seu pai demonstra o compromisso de sua família com a Palavra de Deus. Jonas cresceu num lar onde a verdade foi ensinada pela instrução e pelo exemplo.
O nome Jonas, "Yonah" no hebraico, significa "pomba" (Jn 1:1). Seu nome está bem de acordo com sua atitude em três aspectos: Primeiro, na Bíblia a pomba é vista como uma ave que busca a fuga na hora do perigo: "Estremece-me no peito o coração, terrores de morte me salteiam; temor e tremor me sobrevêm, e o horror se apodera de mim. Então, disse eu: quem me dera asas como de pombal Voaria e acharia pouso. Eis que fugiria para longe e ficaria no deserto" (Sl 55:4-7). Segundo, a pomba também é símbolo de alguém que chora e geme. "Todos nós [...] gememos como pombas; esperamos o juízo, e não o há; a salvação, e ela está longe de nós" (Is 59:11). Jonas fugiu e também gemeu a ponto de pedir a morte duas vezes. Terceiro, a pomba é símbolo de passividade. O caráter passivo de Jonas é contrastado com o caráter ativo de Deus. Enquanto Jonas foge de Deus, Deus busca Jonas. Enquanto Jonas desce, Deus o levanta. Jonas é contrastado com os marinheiros e com os ninivitas. Enquanto Jonas dorme, os marinheiros clamam e oram. Enquanto Jonas passivamente encontra-se forçado a fazer a vontade de Deus, o povo de Nínive ativamente pede a Deus que suspenda o castigo e lhe envie misericórdia. No entanto, o significado do nome de Jonas está em descompasso com o seu significado. Pomba também é um símbolo da "paz". Todavia, Jonas está em conflito com Deus, consigo e com os ninivitas. Ele prefere fugir a obedecer a Deus. Prefere ser jogado no mar a arrepender-se. Prefere a morte a ver seus inimigos salvos.
3. Estrutura e mensagem.
a) Estrutura. O Livro contém 48 versículos distribuídos em quatro breves capítulos.
· O capítulo 1 descreve a desobediência inicial de Jonas, e o castigo divino subsequente. Ao invés de rumar para nordeste, em direção a Nínive, Jonas embarca num navio que velejava para o oeste, cujo destino era Társis, na atual Espanha, o ponto mais distante possível da direção apontada por Deus. O profeta, porém, não demorou a sentir o peso da impugnação divina: uma violenta tempestade no mar Mediterrâneo, que o levou a revelar-se aos marinheiros. Estes, por sua vez, são obrigados a jogá-lo ao mar. Providencialmente, Deus prepara “um grande peixe” para salvar-lhe a vida.
· O capítulo 2 revela a oração que Jonas fez em seu cômodo excepcional. Ele agradece a Deus por ter-lhe poupado a vida, e promete obedecer à sua chamada. Então é vomitado pelo peixe em terra seca.
· O capítulo 3 registra a segunda oportunidade que Jonas recebe de ir a Nínive, e ali pregar a mensagem divina àquela gente ímpia. Num dos despertamentos espirituais mais notáveis da história, o rei conclama a todos ao jejum e à oração. E, assim, o juízo divino não recai sobre eles.
· O capítulo 4 contém o ressentimento do profeta contra Deus, por ter o Senhor poupado a cidade inimiga de Israel. Fazendo uso de uma planta, de um verme e do vento oriental, Deus ensina ao profeta contrariado, que Ele se deleita em colocar sua graça à disposição de todos, e não apenas de Israel e Judá.
b) Mensagem. “Misericordioso e piedoso é o Senhor; longânimo e grande em benignidade”(Sl 103:8). De forma pungente e sucinta, esta é a mensagem de Jonas.
Ao ler o Livro de Jonas vemos o mundo pelos olhos de Deus. Todos os indivíduos de todas as nações, de todas as raças são pessoas, almas, cada uma com um destino eterno. Cada pessoa é preciosa à vista de Deus; uma, tão preciosa quanta a outra. O tema central é que Deus está interessado em todas as pessoas de qualquer nacionalidade ou raça e espera que aqueles que o conheçam se dediquem a compartilhar esse conhecimento.
Entendemos a mensagem à medida que observamos Jonas – insensível, vingativo e nacionalista – que prende sua fé no peito, enquanto Deus procura fazer com que ele a compartilhe de acordo com o seu propósito mais amplo de redenção.
A mensagem de Jonas foi de condenação incondicional e irrevogável. Avisava aos ninivitas que num período de quarenta dias a grande cidade seria varrida pelo fogo do juízo. A mensagem de Jonas foi pregada sem compaixão. Jonas queria ver a cidade de Nínive sendo devorada pelo fogo do juízo e virando de cabeça para baixo. Jonas foi alvo da graça, mas quer ser apenas canal do juízo.
O efeito da mensagem de Jonas, todavia, alcançou os resultados mais esplêndidos. Ele não queria ver nenhum ninivita salvo, mas todos eles se converteram a Deus. Ele pregou juízo, mas o povo clamou por misericórdia. Ele pregou condenação, mas Deus ofereceu perdão. Seus sentimentos foram suplantados pela misericórdia divina e suas motivações vencidas pela graça de Deus.
Nossas motivações não podem frustrar os planos de Deus. Ele age por nosso intermédio, sem nós e apesar de nós. Se dependesse de Jonas, nenhum ninivita se converteria, mas para seu desgosto, todos passam a crer em Deus e se arrependem de seus maus caminhos e da violência de suas mãos. Jonas é o único pregador que fica irado por causa da bondade de Deus e quer morrer, pois seus ouvintes se converteram ao Senhor.
O grande ensinamento do livro de Jonas é que Deus aceita também os gentios. Os gentios que estavam separados da comunidade de Israel foram também chamados para fazer parte do povo de Deus vivo. Essa concepção só foi completamente mudada no Novo Testamento, como vemos em Atos 10:34: "Então Pedro, tomando a palavra, disse: Na verdade reconheço que Deus não faz acepção de pessoas".
Nunca na história o livro de Jonas teve maior relevância que hoje. Há tremenda urgência que todo cristão sinta e considere esta mensagem, a fim de se envolver na missão mundial da igreja. O pecado é livremente praticado pela sociedade - as manchetes diárias e as prisões lotadas são um dramático testemunho deste fato. Com pedofilia, pornografia, assassinatos em série, terrorismo, anarquia e cruéis ditadores, o mundo parece transbordar de violência, ódio e corrupção. Ao ler e ouvir sobre essas tragédias - e talvez até sofrendo alguma delas - começamos a entender a necessidade do juízo de Deus. Podemos até descobrir que desejamos vingança, qualquer que seja ela, contra os autores destes tipos de violência. Mas suponha que em meio a essas conjecturas Deus lhe peça que leve o evangelho ao pior dos criminosos, o que você responderia? Jonas recebeu essa incumbência.
II. O GRANDE PEIXE
“Deparou, pois, o SENHOR um grande peixe, para que tragasse a Jonas; e esteve Jonas três dias e três noites nas entranhas do peixe” (Jn 1:17). Alguns estudiosos, dando rédeas à imaginação, fazem do grande peixe que engoliu Jonas o centro deste livro. Todavia, o peixe não é a personagem principal do livro, nem mesmo Jonas. A personagem principal é Deus. Deus é o Senhor não apenas de Israel, mas da natureza, da História e de todas as nações. Sua vontade se cumpre, sempre, no final. Os homens não podem criar-lhe obstáculos nem frustrá-lo. Sua graça é para todo o mundo. O peixe só é citado duas vezes no livro, enquanto Deus é quem ordena a Jonas ir a Nínive, é quem envia uma tempestade atrás de Jonas, é quem envia o peixe para engolir Jonas e depois vomitá-lo, é quem novamente comissiona Jonas a pregar em Nínive, é quem perdoa os habitantes de Nínive e exorta o profeta emburrado.
1. Baleia ou grande peixe?
· Jonas foi engolido por um “grande peixe” - Jonas 1:17: “Deparou, pois, o SENHOR um grande peixe, para que tragasse a Jonas; e esteve Jonas três dias e três noites nas entranhas do peixe”.
· Jonas foi engolido por uma “baleia” (ARC) - Mateus 12:40: “pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim estará o Filho do Homem três dias e três noites no seio da terra”.
Em ato de grande misericórdia, Jeová deparou um “grande peixe” para que tragasse Jonas. O texto não nos informa que tipo de peixe era. Nem o fato de Mateus 12:40 falar de uma “baleia” (versão ARC) nos ajuda muito, pois a palavra grega usada ali (ketos) significa, literalmente, um “grande peixe" ou um “monstro marinho”. Analisando o texto de Mateus 12:40, as versões mais usadas (ARA, NVI e NTLH) diz "grande peixe", apenas a versão ARC diz baleia.
Em Mateus 12:40, na versão ARC, temos uma interpretação e não uma tradução. Na tradução você dar o sentido que corresponde ao texto original e na interpretação você procura transmitir a mensagem ou a forma como você entende aquela passagem ou aquela palavra ou expressão. Neste caso, o original diz apenas “ketos”, que é traduzido literalmente por mostro marinho ou grande peixe. Em nenhum momento a Bíblia diz que Jonas foi engolido por uma baleia. A Bíblia diz que Jonas foi engolido por um “monstro marinho” ou um “grande peixe”. Todavia, Almeida, baseado na fenomenologia das coisas, isto é, como as coisas se manifestam, interpretou o grande peixe como sendo uma baleia. Veja como ainda dizemos hoje: “o sol nasceu”, mas sabemos que o sol não nasce. Mas, voltado para a maneira como a natureza se revela dizemos que o sol nasceu. Outro exemplo, nós costumamos dizer que morcego é pássaro, e na verdade morcego é mamífero e não pássaro; falamos assim baseado na fenomenologia das coisas, isto é, no modo como as coisas se apresentam. No caso de Jonas, o texto original “ketos” diz que ele foi engolido por um grande peixe, mas Almeida entendeu que o grande peixe fosse uma baleia; por isso, em vez de traduzir por grande peixe ele interpretou por uma baleia. A tradução Almeida Revista e Atualizada corrige essa consideração da Almeida Revista e Corrigida, colocando “grande peixe”, em vez de “baleia”.
2. Interpretação. O “grande peixe” não é uma lenda. Jesus referiu-se a Jonas no ventre do peixe três dias como um símbolo da Sua morte e ressurreição (Mt 12:38-40). Assim como a morte e a ressurreição de Cristo foram reais, também o foram as milagrosas experiências vividas por Jonas. O grande peixe não tragou Jonas por acaso. Jonas foi apanhado por ordem expressa de Deus. O “grande peixe” apenas obedeceu a uma ordem divina, porque Deus escolhera a Jonas para uma missão e o Senhor estava pronto a mover céu e terra para levar o profeta a cumprir seu desiderato.
Deus, de modo milagroso, conservou Jonas vivo por três dias no ventre do peixe. Os incrédulos e os falsos mestres rejeitam o milagre, colocando-o na categoria de obra de ficção. Jesus, no entanto, considerou-o um fato histórico, chegando a citar o incidente para ilustrar sua própria morte, sepultamento e ressurreição (ver Mt 12:40). Noutras palavras, Jesus pôs a experiência de Jonas na mesma categoria de sua morte e ressurreição. Ele aceitou-a como milagre de Deus, operado de conformidade com o seu propósito na história da redenção. Para todos os crentes genuínos, portanto, fica confirmada a autenticidade do milagre.
III. A MISERICÓRDIA DIVINA
1. A conversão dos ninivitas (Jn 3:8,9). A Palavra de Deus é poderosa. Ela produz frutos mesmo quando os pecadores são os mais pervertidos e quando os pregadores são os mais desmotivados. O sermão de Jonas, embora desprovido de misericórdia, produziu o maior resultado de que se tem notícia na História. A resposta à pregação de Jonas foi imediata e retumbante. A cidade inteira se converteu, embora Jonas não a tenha percorrido toda, e mesmo que a Palavra não tenha chegado a todos os ouvintes. Mesmo ouvindo a mensagem indiretamente, todos, sem exceção, se humilharam em extremo debaixo da mão de Deus.
Quais são os sinais da conversão dos ninivitas?
a) O arrependimento sincero (Jn 3:5). Não há conversão genuína sem arrependimento. A conversão produz verdadeira mudança. Os ninivitas externaram sua tristeza interior pelo pecado através do jejum e da humilhação com pano de saco. No mundo antigo, esse era um meio comum de expressar tristeza, humildade e penitência - as marcas do verdadeiro arrependimento. O arrependimento dos ninivitas foi unânime: desde o maior até o menor. Começou de cima para baixo. Desde o rei até as crianças. Desde os homens até os animais. Toda prepotência e arrogância acabaram. Nenhuma justificativa e desculpa foi dada. Eles todos se prostraram em total humilhação diante de Deus. O próprio rei trocou seus mantos reais por pano de saco e se sentou no chão em meio ao pó e à cinza. A verdadeira conversão é evidenciada pelo arrependimento.
b) A confiança profunda em Deus (3:5). Se o arrependimento é o lado negativo da conversão, a fé em Deus é o seu lado positivo. O arrependimento nos afasta do pecado e a fé nos faz correr para Deus. Pelo arrependimento o homem foge da ira; através da fé corre para a graça de Deus. A fé sempre conduz às obras. O povo ninívita creu em Deus e imediatamente se humilhou!
c) O abandono das práticas pecaminosas (Jn 3:8). A conversão toca o ponto nevrálgico da vida. Quando o rico Zaqueu, que vivera extorquindo o povo, cobrando impostos abusivos, se converteu, ele resolveu dar a metade dos seus bens aos pobres e restituir quatro vezes mais a quem havia defraudado. Quando o truculento carcereiro de Filipos se converteu, passou a lavar os vergões de Paulo e Silas. A conversão dos ninivitas foi demonstrada pelo abandono imediato de seus maus caminhos e pela renúncia imediata e definitiva da violência. Essas práticas abomináveis que provocavam a ira de Deus foram abandonadas. Onde o pecado não é abandonado, não há evidência de conversão. Onde não há evidência de santificação, não há prova de conversão.
d) Uma posição de humildade diante de Deus (Jn 3:9). A ordem do rei ao seu povo foi que todos deveriam se humilhar. Nenhuma exigência foi feita. Deus não tem obrigação de ser misericordioso. Ele tem o compromisso de ser justo. Se Deus aplicasse Sua justiça, os ninivitas teriam sido destruídos. O pecador merece o castigo, o juízo e a condenação. O pecador não tem nada a exigir, mas a suplicar. Uma pessoa convertida é revestida de humildade e não de arrogância.
2. O “arrependimento” de Deus - “E Deus viu as obras deles, como se converteram do seu mau caminho; e Deus se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria e não o fez”(Jn 3:10). Arrependimento é tristeza pelo pecado, é mudança de mente e coração, mudança de comportamento de pior para melhor. Uma mudança que não faça diferença, que não mude uma situação melhor ou pior, não é uma mudança.
Um dos atributos de Deus é Sua imutabilidade, e isso significa que Ele não muda e nem altera a sua mente (Ml 3:6). Mas, se o arrependimento é mudança de mente e o texto supra diz que Deus se “arrependeu”, o que isso significa? Será que Deus mudou a Sua mente? Será que Deus comete enganos? Absolutamente não! A linguagem empregada nesta passagem é chamada antropomórfica.É semelhante a uma pessoa que, movendo-se de um lado para outro, diga: “Agora a casa está à minha direita”, e depois: “Agora a casa está à minha esquerda”. Essas afirmações não querem dizer que a casa se moveu. É que a linguagem, sob a perspectiva de alguém, está descrevendo que a pessoa mudou a sua posição em relação àquela casa. Quando o texto diz que “Deus se arrependeu”, essa foi uma forma figurativa de descrever que a mensagem de Jonas teve pleno êxito em mudar o relacionamento do povo de Nínive com Deus: Nínive se converteu. A mensagem de Jonas tirou a nação do juízo de Deus e a trouxe para a misericórdia de sua graça.
A cidade de Nínive tinha duas opções quando Jonas pregou sua mensagem de juízo: Eles poderiam rejeitar a mensagem de Deus e então seriam inapelavelmente destruídos; ou eles poderiam aceitar a mensagem de Deus, voltando-se para Deus em arrependimento, então, Deus os perdoaria e os salvaria, como de fato aconteceu.
Portanto, Deus não muda, nem muda de ideia, nem de vontade; sua natureza é imutável. Ele é o " [ . . . ] Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação" (Tg 1:17). “E também aquele que é a Força de Israel não mente nem se arrepende; porquanto não é um homem, para que se arrependa “ (1Sm 15:29). Quando Sua Palavra é rejeitada e as pessoas se afastam dEle, elas perecem. Todavia, quando elas se voltam para Deus em arrependimento e fé, Ele sempre as salva, por Sua graça. Portanto, quem mudou? Deus mudou? Não! Os ninivitas mudaram. Deus salvará o pecador sempre que este se voltar para Ele! Foi essa maneira de Deus agir que possibilitou ao blasfemo ladrão da cruz, uma vez arrependido, receber as palavras de conforto de Jesus: "Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso" (Lc 23:43) .
IV. A JUSTIÇA HUMANA
1. Descontentamento de Jonas (Jn 4:1). Jonas fica frustrado não com seu fracasso, mas com seu sucesso. Ele foi o único pregador que ficou profundamente frustrado com o seu sucesso. Ele chora de tristeza porque os ninivitas recebem misericórdia em vez de juízo, perdão em vez de destruição. A conversão dos ninivitas produz festa no céu e tristeza no coração de Jonas. Enquanto os anjos celebram a conversão dos ninivitas, Jonas pede para morrer. Jonas quer morrer, pois os ninivitas receberam o dom da vida eterna. Jonas tem piedade de uma planta que ele não cultivou, mas nenhuma compaixão para mais de 120 mil pessoas " [ . . . ] que não sabem discernir entre a mão direita e a mão esquerda" (Jn 4:11). Jonas queria misericórdia para si e justiça para os seus inimigos. Porém, Deus é soberano. Sua justiça é totalmente imparcial e Sua misericórdia pode alcançar qualquer pessoa.
A grande verdade do livro de Jonas é que Deus se recusa a odiar os nossos inimigos. Ele salva até mesmo aqueles a quem nós queremos condenar. A salvação é uma dádiva oferecida a todos os povos e não apenas aos judeus.
2. Jonas esperava vingança? Sim. Jonas queria a condenação irremediável de seus ouvintes e não a salvação deles. Seu coração estava sintonizado com a mensagem de condenação, mas não com a possibilidade da salvação. Ele sentiu certo prazer mórbido de pregar uma mensagem de condenação em Nínive. Jonas pregou um sermão de juízo sem abrir a janela da esperança. Ele encurralou seus ouvintes no corredor da morte e não lhes abriu a porta do arrependimento. Ele pregou uma mensagem apenas pela metade. Ele trovejou a lei, mas não ofereceu a chuva restauradora da graça. Ele falou da ira de Deus, mas não da Sua misericórdia. Ele pregou um sermão com apenas cinco palavras e nessas poucas palavras havia toneladas de condenação e nenhum grama de misericórdia. Seu firme desejo era ver cumprir-se a ameaça da subversão de Nínive. Agradava-lhe o fato de Nínive ser uma candidata ao fogo do juízo como Sodoma e Gomorra. A motivação de Jonas não estava alinhada com a motivação de Deus de salvar os ninivitas. Os sentimentos de Jonas são mesquinhos e indignos de um homem que foi arrancado das entranhas da morte. Ele sabia se alegrar no favor de Deus, mas não queria ser instrumento da graça de Deus na vida de outros. Contudo, apesar de tudo isso, Deus realizou o maior milagre evangelístico da história na cidade de Nínive, não por causa do evangelista, mas apesar dele.
3. Compreendendo a misericórdia divina. A misericórdia divina é um dos atributos que revela a natureza de Deus (Ex 34:6; Jr 31:3). Ela triunfa sobre Sua ira. Nínive foi uma cidade marcada pela malícia (Jn 1:2), pela corrupção moral (Jn 3:8) e pela violência (Jn 3:8). Os ninivitas eram truculentos, sanguinários e cruéis. Eles despedaçavam suas vítimas sem qualquer piedade. O profeta Naum assim descreveu a cidade: "Ai da cidade sanguinária, toda cheia de mentiras e de roubo e que não solta a sua presa!" (Na 3:1). Os assírios eram conhecidos por todos os vizinhos por sua violência e crueldade com os inimigos. Espetavam suas vítimas com estacas pontiagudas, deixando-as assar até a morte no calor do deserto. Decapitavam pessoas aos milhares e empilhavam seus crânios perto das portas da cidade e até esfolavam pessoas vivas. Não respeitavam sexo nem idade e seguiam a política de matar bebês e crianças para não ter de cuidar deles (Na 3:10). Apesar de suas terríveis transgressões, Deus teve misericórdia do povo de Nínive (Jn 4:11). Dá pra compreender esse grande amor de Deus?
A causa do amor de Deus está nEle mesmo. Deus nos ama não por causa das nossas virtudes, mas apesar dos nossos pecados (Rm 5:8). Ele nos ama não por nossa causa, mas apesar de nós. Os ninivitas mereciam o juízo de Deus, mas Ele derramou sobre eles a Sua misericórdia. Eles mereciam a condenação, mas receberam a salvação. Aonde chega o arrependimento, a graça desfila embandeirada. Aonde as lágrimas do quebrantamento são derramadas, o perdão de Deus é oferecido. Aonde há evidência de arrependimento, Deus suspende o juízo e derrama a Sua graça. Deus não tem prazer na morte do ímpio, mas em que ele se converta e viva (Ez 33:11) .
O mesmo Deus que se irou contra os pecados da cidade também demonstrou a ela sua compaixão, pois moveu o céu e a terra para enviar-lhe um profeta. O método de Deus alcançar os perdidos é pela pregação. Deus não usou nenhum método místico ou inusitado, mas lhes enviou um profeta com a ordem de anunciar-lhes Sua Palavra. O mesmo Deus que enviou uma palavra de juízo e condenação contra a cidade maligna, é o mesmo Deus que tem compaixão quando esse povo se arrepende e se humilha (Jn 3:10; 4:11). Se o pecado provoca a ira de Deus, o arrependimento desperta Sua compaixão. Se o pecado é a causa do juízo, o arrependimento abre caminho para a salvação. Onde o pecado é vencido pelo choro do arrependimento, ouve-se a música suave do perdão e os brados de júbilo da salvação.
CONCLUSÃO
Ao lermos o livro de Jonas, procuremos visualizar o quadro completo do amor e da misericórdia de Deus, e entendermos que ninguém está fora do alcance da redenção. O evangelho é para todos e a misericórdia de Deus aos que se arrependem e se convertem dos seus maus caminhos. A graça perdoadora de Deus pelos ninvitas penitentes nos mostra que o Senhor chama todos os homens ao arrependimento e promete sua graça a todos os que se arrependerem: “Vinde, então, e argui-me, diz o SENHOR; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã”(Is 1:18). Esta chamada ao arrependimento e certeza de perdão está no centro da mensagem cristã. Jesus declarou: “Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores, ao arrependimento” (Lc 5:32).
Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA
Revista Ensinador Cristão – nº 52 – CPAD.
A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck.
Comentário Bíblico Beacon, v.5 – CPAD.
Jonas( um homem que preferiu morrer a obedecer a Deus ) – Rev.Hernandes Dias Lopes.
O livro de Jonas conta a história da fuga deste profeta e como Deus o deteve e o fez retomar. Porém esta é mais do que a história de um homem e de um grande peixe; na verdade, é uma profunda ilustração da graça e da misericórdia de Deus. Ninguém era menos merecedor do favor de Deus que o povo de Ninive, a capital da Assiria. E Jonas sabia disso. Mas compreendia também que Deus os perdoaria e abençoaria, se abandonassem o pecado e o adorassem. Jonas conhecia o poder da mensagem divina e que, mesmo através de sua humilde pregação, eles responderiam e seriam poupados do juízo de Deus. Porém Jonas odiava os assírios e desejava a vingança, não a misericórdia. Por esta razão fugiu. Finalmente Jonas obedeceu e pregou nas ruas de Ninive; o povo arrependeu-se e livrou-se do juízo de Deus.
I. O LIVRO DE JONAS
1. Contexto histórico. O reinado de Jeroboão II (793-753 a.C) estabelece o contexto histórico da história de Jonas. Esse monarca foi um dos grande líderes militares da história de Israel. De acordo com 2Rs 14:25-28, ele impôs sua autoridade sobre os territórios de Damasco e Hamate, restaurando assim a fronteira ao norte de Israel dentro dos limites que possuía nos tempos de Salomão (1Rs 8:65). É claro que o reinado de Jeroboão II, assim como o do seu contemporâneo judeu Azarias (também chamado de Uzias, 792-740 a.C), introduziu um período de notável paz e prosperidade. Como Eliseu e Jonas haviam profetizado (2Rs 13:19-25; 14:25), o reino do Norte desfrutou de uma expansão territorial às custas da Síria. Pelas aparências externas do crescimento populacional, da expansão territorial e da atividade comercial, Israel foi realmente abençoado por Deus. É bem provável que, nesse período, Jonas tenha se tornado um profeta ideologizado. Ele tinha consciência, por exemplo, de que nos seus dias a grande ameaça para Israel era a Assíria, cuja capital era Nínive (2Rs 15:39). Esse é o pano de fundo que revela o sentimento de Jonas e as suas motivações para fugir da missão divina em vez de cumpri-la. Jonas deseja ver a total destruição de Nínive, a capital da Assíria, e não a sua salvação.
Apesar do foco narrativo fixar-se no profeta, o Livro de Jonas é uma história sobre a misericórdia e o amor de Deus. O Senhor era o Deus de Israel, e aquela nação tinha especialmente recebido a misericórdia e a salvação da aliança de Deus. Mas Jonas, juntamente com muitos dos seus compatriotas, reagiu com tamanho orgulho nacional e particularismo ético que não conseguiu ver o sublime alcance da graça de Deus. Jonas haveria de aprender junto com a nação, que Israel não possuía o monopólio do amor redentor de Deus (At 10:34-35; Rm 3:29). A história confirma as palavras do Salmo 145:8: “Benigno e misericordioso é o Senhor. Tardio em irar-se e de grande clemência”.
O arrependimento de Nínive, diante da pregação de Jonas, ocorreu no reinado de um destes dois monarcas assírios: Adade-Nirari III (810-783 a.C), cujo governo foi marcado por uma tendência para o monoteísmo; ou Assurda III (783-755 a.C), em cuja administração houve duas grandes pragas (765 e 759 a.C) e um eclipse do sol (763 a.C). Estas ocorrências podem ter sido interpretadas como sinais do juízo divino, preparando a capital da Assíria à mensagem de Jonas.
Não podemos negar a historicidade de Jonas sem atingir a credibilidade do Senhor Jesus (Mt 12:39-41; Lc 11:29-32). Foi Ele quem citou Jonas como um personagem histórico, fazendo referência aos três dias e três noites que passou no ventre do grande peixe como um símbolo do seu sepultamento e ressurreição.
2. Vida Pessoal de Jonas. Jonas foi um profeta de Israel, o Reino do Norte, durante o reinado de Jeroboão II (793-753 a.C). O seu ministério teve lugar pouco depois do de Eliseu (cf 2Rs 13:14-19), coincidiu parcialmente com o de Amós (Am 1:1) e foi seguido pelo de Oséias (cf Os 1:1). Embora o livro não declare o nome do autor, seguramente foi o próprio Jonas quem o escreveu.
Em 2Reis 14:25, ficamos cientes que “Jonas, filho de Amitai”, era um profeta experiente e de confiança, a quem “veio a Palavra do SENHOR”(Jn 1:1). Tratava-se de um homem a quem Deus falava e revelava sua vontade. A passagem de 2Reis também nos informa que era um nativo de Gate-Hefer, da Galiléia, local mais tarde conhecido por Caná. É bem possível que esta cidade, situada quase sete quilômetros ao norte de Nazaré, tenha sido visitada muitas vezes por Jesus durante os 30 anos de obscuridade em Nazaré. No entanto, sabemos com certeza que foi aqui que Cristo compareceu a uma festa de casamento e fez seu primeiro milagre registrado (João 2:1-11; cf.tb. João 4:46; 21:2). Os fariseus que disseram a Nicodemos: “Da Galiléia nenhum profeta surgiu”(João 7:52), devem ter se esquecido de Jonas ou não conhecia bem as Escrituras.
A tradição considera que Jonas é o jovem profeta tímido mencionado em 2Reis 9:1-11. Os estudiosos creem que ele era um dos alunos da escola de profetas de Eliseu. Ele cresceu sob a influência espiritual desses grandes gigantes de Deus. Reputa-se tradicionalmente que estava entre os 7.000 mencionados em 1Reis 19:18 que não se curvaram a Baal.
O nome do seu pai, “Amitai”, significa “verdadeiro”. Certamente o nome do seu pai demonstra o compromisso de sua família com a Palavra de Deus. Jonas cresceu num lar onde a verdade foi ensinada pela instrução e pelo exemplo.
O nome Jonas, "Yonah" no hebraico, significa "pomba" (Jn 1:1). Seu nome está bem de acordo com sua atitude em três aspectos: Primeiro, na Bíblia a pomba é vista como uma ave que busca a fuga na hora do perigo: "Estremece-me no peito o coração, terrores de morte me salteiam; temor e tremor me sobrevêm, e o horror se apodera de mim. Então, disse eu: quem me dera asas como de pombal Voaria e acharia pouso. Eis que fugiria para longe e ficaria no deserto" (Sl 55:4-7). Segundo, a pomba também é símbolo de alguém que chora e geme. "Todos nós [...] gememos como pombas; esperamos o juízo, e não o há; a salvação, e ela está longe de nós" (Is 59:11). Jonas fugiu e também gemeu a ponto de pedir a morte duas vezes. Terceiro, a pomba é símbolo de passividade. O caráter passivo de Jonas é contrastado com o caráter ativo de Deus. Enquanto Jonas foge de Deus, Deus busca Jonas. Enquanto Jonas desce, Deus o levanta. Jonas é contrastado com os marinheiros e com os ninivitas. Enquanto Jonas dorme, os marinheiros clamam e oram. Enquanto Jonas passivamente encontra-se forçado a fazer a vontade de Deus, o povo de Nínive ativamente pede a Deus que suspenda o castigo e lhe envie misericórdia. No entanto, o significado do nome de Jonas está em descompasso com o seu significado. Pomba também é um símbolo da "paz". Todavia, Jonas está em conflito com Deus, consigo e com os ninivitas. Ele prefere fugir a obedecer a Deus. Prefere ser jogado no mar a arrepender-se. Prefere a morte a ver seus inimigos salvos.
3. Estrutura e mensagem.
a) Estrutura. O Livro contém 48 versículos distribuídos em quatro breves capítulos.
· O capítulo 1 descreve a desobediência inicial de Jonas, e o castigo divino subsequente. Ao invés de rumar para nordeste, em direção a Nínive, Jonas embarca num navio que velejava para o oeste, cujo destino era Társis, na atual Espanha, o ponto mais distante possível da direção apontada por Deus. O profeta, porém, não demorou a sentir o peso da impugnação divina: uma violenta tempestade no mar Mediterrâneo, que o levou a revelar-se aos marinheiros. Estes, por sua vez, são obrigados a jogá-lo ao mar. Providencialmente, Deus prepara “um grande peixe” para salvar-lhe a vida.
· O capítulo 2 revela a oração que Jonas fez em seu cômodo excepcional. Ele agradece a Deus por ter-lhe poupado a vida, e promete obedecer à sua chamada. Então é vomitado pelo peixe em terra seca.
· O capítulo 3 registra a segunda oportunidade que Jonas recebe de ir a Nínive, e ali pregar a mensagem divina àquela gente ímpia. Num dos despertamentos espirituais mais notáveis da história, o rei conclama a todos ao jejum e à oração. E, assim, o juízo divino não recai sobre eles.
· O capítulo 4 contém o ressentimento do profeta contra Deus, por ter o Senhor poupado a cidade inimiga de Israel. Fazendo uso de uma planta, de um verme e do vento oriental, Deus ensina ao profeta contrariado, que Ele se deleita em colocar sua graça à disposição de todos, e não apenas de Israel e Judá.
b) Mensagem. “Misericordioso e piedoso é o Senhor; longânimo e grande em benignidade”(Sl 103:8). De forma pungente e sucinta, esta é a mensagem de Jonas.
Ao ler o Livro de Jonas vemos o mundo pelos olhos de Deus. Todos os indivíduos de todas as nações, de todas as raças são pessoas, almas, cada uma com um destino eterno. Cada pessoa é preciosa à vista de Deus; uma, tão preciosa quanta a outra. O tema central é que Deus está interessado em todas as pessoas de qualquer nacionalidade ou raça e espera que aqueles que o conheçam se dediquem a compartilhar esse conhecimento.
Entendemos a mensagem à medida que observamos Jonas – insensível, vingativo e nacionalista – que prende sua fé no peito, enquanto Deus procura fazer com que ele a compartilhe de acordo com o seu propósito mais amplo de redenção.
A mensagem de Jonas foi de condenação incondicional e irrevogável. Avisava aos ninivitas que num período de quarenta dias a grande cidade seria varrida pelo fogo do juízo. A mensagem de Jonas foi pregada sem compaixão. Jonas queria ver a cidade de Nínive sendo devorada pelo fogo do juízo e virando de cabeça para baixo. Jonas foi alvo da graça, mas quer ser apenas canal do juízo.
O efeito da mensagem de Jonas, todavia, alcançou os resultados mais esplêndidos. Ele não queria ver nenhum ninivita salvo, mas todos eles se converteram a Deus. Ele pregou juízo, mas o povo clamou por misericórdia. Ele pregou condenação, mas Deus ofereceu perdão. Seus sentimentos foram suplantados pela misericórdia divina e suas motivações vencidas pela graça de Deus.
Nossas motivações não podem frustrar os planos de Deus. Ele age por nosso intermédio, sem nós e apesar de nós. Se dependesse de Jonas, nenhum ninivita se converteria, mas para seu desgosto, todos passam a crer em Deus e se arrependem de seus maus caminhos e da violência de suas mãos. Jonas é o único pregador que fica irado por causa da bondade de Deus e quer morrer, pois seus ouvintes se converteram ao Senhor.
O grande ensinamento do livro de Jonas é que Deus aceita também os gentios. Os gentios que estavam separados da comunidade de Israel foram também chamados para fazer parte do povo de Deus vivo. Essa concepção só foi completamente mudada no Novo Testamento, como vemos em Atos 10:34: "Então Pedro, tomando a palavra, disse: Na verdade reconheço que Deus não faz acepção de pessoas".
Nunca na história o livro de Jonas teve maior relevância que hoje. Há tremenda urgência que todo cristão sinta e considere esta mensagem, a fim de se envolver na missão mundial da igreja. O pecado é livremente praticado pela sociedade - as manchetes diárias e as prisões lotadas são um dramático testemunho deste fato. Com pedofilia, pornografia, assassinatos em série, terrorismo, anarquia e cruéis ditadores, o mundo parece transbordar de violência, ódio e corrupção. Ao ler e ouvir sobre essas tragédias - e talvez até sofrendo alguma delas - começamos a entender a necessidade do juízo de Deus. Podemos até descobrir que desejamos vingança, qualquer que seja ela, contra os autores destes tipos de violência. Mas suponha que em meio a essas conjecturas Deus lhe peça que leve o evangelho ao pior dos criminosos, o que você responderia? Jonas recebeu essa incumbência.
II. O GRANDE PEIXE
“Deparou, pois, o SENHOR um grande peixe, para que tragasse a Jonas; e esteve Jonas três dias e três noites nas entranhas do peixe” (Jn 1:17). Alguns estudiosos, dando rédeas à imaginação, fazem do grande peixe que engoliu Jonas o centro deste livro. Todavia, o peixe não é a personagem principal do livro, nem mesmo Jonas. A personagem principal é Deus. Deus é o Senhor não apenas de Israel, mas da natureza, da História e de todas as nações. Sua vontade se cumpre, sempre, no final. Os homens não podem criar-lhe obstáculos nem frustrá-lo. Sua graça é para todo o mundo. O peixe só é citado duas vezes no livro, enquanto Deus é quem ordena a Jonas ir a Nínive, é quem envia uma tempestade atrás de Jonas, é quem envia o peixe para engolir Jonas e depois vomitá-lo, é quem novamente comissiona Jonas a pregar em Nínive, é quem perdoa os habitantes de Nínive e exorta o profeta emburrado.
1. Baleia ou grande peixe?
· Jonas foi engolido por um “grande peixe” - Jonas 1:17: “Deparou, pois, o SENHOR um grande peixe, para que tragasse a Jonas; e esteve Jonas três dias e três noites nas entranhas do peixe”.
· Jonas foi engolido por uma “baleia” (ARC) - Mateus 12:40: “pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim estará o Filho do Homem três dias e três noites no seio da terra”.
Em ato de grande misericórdia, Jeová deparou um “grande peixe” para que tragasse Jonas. O texto não nos informa que tipo de peixe era. Nem o fato de Mateus 12:40 falar de uma “baleia” (versão ARC) nos ajuda muito, pois a palavra grega usada ali (ketos) significa, literalmente, um “grande peixe" ou um “monstro marinho”. Analisando o texto de Mateus 12:40, as versões mais usadas (ARA, NVI e NTLH) diz "grande peixe", apenas a versão ARC diz baleia.
Em Mateus 12:40, na versão ARC, temos uma interpretação e não uma tradução. Na tradução você dar o sentido que corresponde ao texto original e na interpretação você procura transmitir a mensagem ou a forma como você entende aquela passagem ou aquela palavra ou expressão. Neste caso, o original diz apenas “ketos”, que é traduzido literalmente por mostro marinho ou grande peixe. Em nenhum momento a Bíblia diz que Jonas foi engolido por uma baleia. A Bíblia diz que Jonas foi engolido por um “monstro marinho” ou um “grande peixe”. Todavia, Almeida, baseado na fenomenologia das coisas, isto é, como as coisas se manifestam, interpretou o grande peixe como sendo uma baleia. Veja como ainda dizemos hoje: “o sol nasceu”, mas sabemos que o sol não nasce. Mas, voltado para a maneira como a natureza se revela dizemos que o sol nasceu. Outro exemplo, nós costumamos dizer que morcego é pássaro, e na verdade morcego é mamífero e não pássaro; falamos assim baseado na fenomenologia das coisas, isto é, no modo como as coisas se apresentam. No caso de Jonas, o texto original “ketos” diz que ele foi engolido por um grande peixe, mas Almeida entendeu que o grande peixe fosse uma baleia; por isso, em vez de traduzir por grande peixe ele interpretou por uma baleia. A tradução Almeida Revista e Atualizada corrige essa consideração da Almeida Revista e Corrigida, colocando “grande peixe”, em vez de “baleia”.
2. Interpretação. O “grande peixe” não é uma lenda. Jesus referiu-se a Jonas no ventre do peixe três dias como um símbolo da Sua morte e ressurreição (Mt 12:38-40). Assim como a morte e a ressurreição de Cristo foram reais, também o foram as milagrosas experiências vividas por Jonas. O grande peixe não tragou Jonas por acaso. Jonas foi apanhado por ordem expressa de Deus. O “grande peixe” apenas obedeceu a uma ordem divina, porque Deus escolhera a Jonas para uma missão e o Senhor estava pronto a mover céu e terra para levar o profeta a cumprir seu desiderato.
Deus, de modo milagroso, conservou Jonas vivo por três dias no ventre do peixe. Os incrédulos e os falsos mestres rejeitam o milagre, colocando-o na categoria de obra de ficção. Jesus, no entanto, considerou-o um fato histórico, chegando a citar o incidente para ilustrar sua própria morte, sepultamento e ressurreição (ver Mt 12:40). Noutras palavras, Jesus pôs a experiência de Jonas na mesma categoria de sua morte e ressurreição. Ele aceitou-a como milagre de Deus, operado de conformidade com o seu propósito na história da redenção. Para todos os crentes genuínos, portanto, fica confirmada a autenticidade do milagre.
III. A MISERICÓRDIA DIVINA
1. A conversão dos ninivitas (Jn 3:8,9). A Palavra de Deus é poderosa. Ela produz frutos mesmo quando os pecadores são os mais pervertidos e quando os pregadores são os mais desmotivados. O sermão de Jonas, embora desprovido de misericórdia, produziu o maior resultado de que se tem notícia na História. A resposta à pregação de Jonas foi imediata e retumbante. A cidade inteira se converteu, embora Jonas não a tenha percorrido toda, e mesmo que a Palavra não tenha chegado a todos os ouvintes. Mesmo ouvindo a mensagem indiretamente, todos, sem exceção, se humilharam em extremo debaixo da mão de Deus.
Quais são os sinais da conversão dos ninivitas?
a) O arrependimento sincero (Jn 3:5). Não há conversão genuína sem arrependimento. A conversão produz verdadeira mudança. Os ninivitas externaram sua tristeza interior pelo pecado através do jejum e da humilhação com pano de saco. No mundo antigo, esse era um meio comum de expressar tristeza, humildade e penitência - as marcas do verdadeiro arrependimento. O arrependimento dos ninivitas foi unânime: desde o maior até o menor. Começou de cima para baixo. Desde o rei até as crianças. Desde os homens até os animais. Toda prepotência e arrogância acabaram. Nenhuma justificativa e desculpa foi dada. Eles todos se prostraram em total humilhação diante de Deus. O próprio rei trocou seus mantos reais por pano de saco e se sentou no chão em meio ao pó e à cinza. A verdadeira conversão é evidenciada pelo arrependimento.
b) A confiança profunda em Deus (3:5). Se o arrependimento é o lado negativo da conversão, a fé em Deus é o seu lado positivo. O arrependimento nos afasta do pecado e a fé nos faz correr para Deus. Pelo arrependimento o homem foge da ira; através da fé corre para a graça de Deus. A fé sempre conduz às obras. O povo ninívita creu em Deus e imediatamente se humilhou!
c) O abandono das práticas pecaminosas (Jn 3:8). A conversão toca o ponto nevrálgico da vida. Quando o rico Zaqueu, que vivera extorquindo o povo, cobrando impostos abusivos, se converteu, ele resolveu dar a metade dos seus bens aos pobres e restituir quatro vezes mais a quem havia defraudado. Quando o truculento carcereiro de Filipos se converteu, passou a lavar os vergões de Paulo e Silas. A conversão dos ninivitas foi demonstrada pelo abandono imediato de seus maus caminhos e pela renúncia imediata e definitiva da violência. Essas práticas abomináveis que provocavam a ira de Deus foram abandonadas. Onde o pecado não é abandonado, não há evidência de conversão. Onde não há evidência de santificação, não há prova de conversão.
d) Uma posição de humildade diante de Deus (Jn 3:9). A ordem do rei ao seu povo foi que todos deveriam se humilhar. Nenhuma exigência foi feita. Deus não tem obrigação de ser misericordioso. Ele tem o compromisso de ser justo. Se Deus aplicasse Sua justiça, os ninivitas teriam sido destruídos. O pecador merece o castigo, o juízo e a condenação. O pecador não tem nada a exigir, mas a suplicar. Uma pessoa convertida é revestida de humildade e não de arrogância.
2. O “arrependimento” de Deus - “E Deus viu as obras deles, como se converteram do seu mau caminho; e Deus se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria e não o fez”(Jn 3:10). Arrependimento é tristeza pelo pecado, é mudança de mente e coração, mudança de comportamento de pior para melhor. Uma mudança que não faça diferença, que não mude uma situação melhor ou pior, não é uma mudança.
Um dos atributos de Deus é Sua imutabilidade, e isso significa que Ele não muda e nem altera a sua mente (Ml 3:6). Mas, se o arrependimento é mudança de mente e o texto supra diz que Deus se “arrependeu”, o que isso significa? Será que Deus mudou a Sua mente? Será que Deus comete enganos? Absolutamente não! A linguagem empregada nesta passagem é chamada antropomórfica.É semelhante a uma pessoa que, movendo-se de um lado para outro, diga: “Agora a casa está à minha direita”, e depois: “Agora a casa está à minha esquerda”. Essas afirmações não querem dizer que a casa se moveu. É que a linguagem, sob a perspectiva de alguém, está descrevendo que a pessoa mudou a sua posição em relação àquela casa. Quando o texto diz que “Deus se arrependeu”, essa foi uma forma figurativa de descrever que a mensagem de Jonas teve pleno êxito em mudar o relacionamento do povo de Nínive com Deus: Nínive se converteu. A mensagem de Jonas tirou a nação do juízo de Deus e a trouxe para a misericórdia de sua graça.
A cidade de Nínive tinha duas opções quando Jonas pregou sua mensagem de juízo: Eles poderiam rejeitar a mensagem de Deus e então seriam inapelavelmente destruídos; ou eles poderiam aceitar a mensagem de Deus, voltando-se para Deus em arrependimento, então, Deus os perdoaria e os salvaria, como de fato aconteceu.
Portanto, Deus não muda, nem muda de ideia, nem de vontade; sua natureza é imutável. Ele é o " [ . . . ] Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação" (Tg 1:17). “E também aquele que é a Força de Israel não mente nem se arrepende; porquanto não é um homem, para que se arrependa “ (1Sm 15:29). Quando Sua Palavra é rejeitada e as pessoas se afastam dEle, elas perecem. Todavia, quando elas se voltam para Deus em arrependimento e fé, Ele sempre as salva, por Sua graça. Portanto, quem mudou? Deus mudou? Não! Os ninivitas mudaram. Deus salvará o pecador sempre que este se voltar para Ele! Foi essa maneira de Deus agir que possibilitou ao blasfemo ladrão da cruz, uma vez arrependido, receber as palavras de conforto de Jesus: "Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso" (Lc 23:43) .
IV. A JUSTIÇA HUMANA
1. Descontentamento de Jonas (Jn 4:1). Jonas fica frustrado não com seu fracasso, mas com seu sucesso. Ele foi o único pregador que ficou profundamente frustrado com o seu sucesso. Ele chora de tristeza porque os ninivitas recebem misericórdia em vez de juízo, perdão em vez de destruição. A conversão dos ninivitas produz festa no céu e tristeza no coração de Jonas. Enquanto os anjos celebram a conversão dos ninivitas, Jonas pede para morrer. Jonas quer morrer, pois os ninivitas receberam o dom da vida eterna. Jonas tem piedade de uma planta que ele não cultivou, mas nenhuma compaixão para mais de 120 mil pessoas " [ . . . ] que não sabem discernir entre a mão direita e a mão esquerda" (Jn 4:11). Jonas queria misericórdia para si e justiça para os seus inimigos. Porém, Deus é soberano. Sua justiça é totalmente imparcial e Sua misericórdia pode alcançar qualquer pessoa.
A grande verdade do livro de Jonas é que Deus se recusa a odiar os nossos inimigos. Ele salva até mesmo aqueles a quem nós queremos condenar. A salvação é uma dádiva oferecida a todos os povos e não apenas aos judeus.
2. Jonas esperava vingança? Sim. Jonas queria a condenação irremediável de seus ouvintes e não a salvação deles. Seu coração estava sintonizado com a mensagem de condenação, mas não com a possibilidade da salvação. Ele sentiu certo prazer mórbido de pregar uma mensagem de condenação em Nínive. Jonas pregou um sermão de juízo sem abrir a janela da esperança. Ele encurralou seus ouvintes no corredor da morte e não lhes abriu a porta do arrependimento. Ele pregou uma mensagem apenas pela metade. Ele trovejou a lei, mas não ofereceu a chuva restauradora da graça. Ele falou da ira de Deus, mas não da Sua misericórdia. Ele pregou um sermão com apenas cinco palavras e nessas poucas palavras havia toneladas de condenação e nenhum grama de misericórdia. Seu firme desejo era ver cumprir-se a ameaça da subversão de Nínive. Agradava-lhe o fato de Nínive ser uma candidata ao fogo do juízo como Sodoma e Gomorra. A motivação de Jonas não estava alinhada com a motivação de Deus de salvar os ninivitas. Os sentimentos de Jonas são mesquinhos e indignos de um homem que foi arrancado das entranhas da morte. Ele sabia se alegrar no favor de Deus, mas não queria ser instrumento da graça de Deus na vida de outros. Contudo, apesar de tudo isso, Deus realizou o maior milagre evangelístico da história na cidade de Nínive, não por causa do evangelista, mas apesar dele.
3. Compreendendo a misericórdia divina. A misericórdia divina é um dos atributos que revela a natureza de Deus (Ex 34:6; Jr 31:3). Ela triunfa sobre Sua ira. Nínive foi uma cidade marcada pela malícia (Jn 1:2), pela corrupção moral (Jn 3:8) e pela violência (Jn 3:8). Os ninivitas eram truculentos, sanguinários e cruéis. Eles despedaçavam suas vítimas sem qualquer piedade. O profeta Naum assim descreveu a cidade: "Ai da cidade sanguinária, toda cheia de mentiras e de roubo e que não solta a sua presa!" (Na 3:1). Os assírios eram conhecidos por todos os vizinhos por sua violência e crueldade com os inimigos. Espetavam suas vítimas com estacas pontiagudas, deixando-as assar até a morte no calor do deserto. Decapitavam pessoas aos milhares e empilhavam seus crânios perto das portas da cidade e até esfolavam pessoas vivas. Não respeitavam sexo nem idade e seguiam a política de matar bebês e crianças para não ter de cuidar deles (Na 3:10). Apesar de suas terríveis transgressões, Deus teve misericórdia do povo de Nínive (Jn 4:11). Dá pra compreender esse grande amor de Deus?
A causa do amor de Deus está nEle mesmo. Deus nos ama não por causa das nossas virtudes, mas apesar dos nossos pecados (Rm 5:8). Ele nos ama não por nossa causa, mas apesar de nós. Os ninivitas mereciam o juízo de Deus, mas Ele derramou sobre eles a Sua misericórdia. Eles mereciam a condenação, mas receberam a salvação. Aonde chega o arrependimento, a graça desfila embandeirada. Aonde as lágrimas do quebrantamento são derramadas, o perdão de Deus é oferecido. Aonde há evidência de arrependimento, Deus suspende o juízo e derrama a Sua graça. Deus não tem prazer na morte do ímpio, mas em que ele se converta e viva (Ez 33:11) .
O mesmo Deus que se irou contra os pecados da cidade também demonstrou a ela sua compaixão, pois moveu o céu e a terra para enviar-lhe um profeta. O método de Deus alcançar os perdidos é pela pregação. Deus não usou nenhum método místico ou inusitado, mas lhes enviou um profeta com a ordem de anunciar-lhes Sua Palavra. O mesmo Deus que enviou uma palavra de juízo e condenação contra a cidade maligna, é o mesmo Deus que tem compaixão quando esse povo se arrepende e se humilha (Jn 3:10; 4:11). Se o pecado provoca a ira de Deus, o arrependimento desperta Sua compaixão. Se o pecado é a causa do juízo, o arrependimento abre caminho para a salvação. Onde o pecado é vencido pelo choro do arrependimento, ouve-se a música suave do perdão e os brados de júbilo da salvação.
CONCLUSÃO
Ao lermos o livro de Jonas, procuremos visualizar o quadro completo do amor e da misericórdia de Deus, e entendermos que ninguém está fora do alcance da redenção. O evangelho é para todos e a misericórdia de Deus aos que se arrependem e se convertem dos seus maus caminhos. A graça perdoadora de Deus pelos ninvitas penitentes nos mostra que o Senhor chama todos os homens ao arrependimento e promete sua graça a todos os que se arrependerem: “Vinde, então, e argui-me, diz o SENHOR; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã”(Is 1:18). Esta chamada ao arrependimento e certeza de perdão está no centro da mensagem cristã. Jesus declarou: “Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores, ao arrependimento” (Lc 5:32).
Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA
Revista Ensinador Cristão – nº 52 – CPAD.
A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck.
Comentário Bíblico Beacon, v.5 – CPAD.
Jonas( um homem que preferiu morrer a obedecer a Deus ) – Rev.Hernandes Dias Lopes.