4º Trimestre/2012
Texto Básico: 2Pedro 1:16-21
“Mas que se manifestou agora e se notificou pelas Escrituras dos profetas, segundo o mandamento do Deus eterno, a todas as nações para obediência da fé”(Rm 16:26).
INTRODUÇÃO
O ministério profético é uma das peculiaridades que Deus destinou a Seu povo, Israel. Nenhuma outra nação teve este privilégio. No Antigo Testamento o Profeta era uma figura de Jesus - era o intermediário entre Deus e os homens. Era o porta-voz de Deus. Hoje, aquela função de intermediário não é mais atribuição dos Profetas, pois “... há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem”(1Tm 2:5).
Neste 4º Trimestre de 2012 estudaremos sobre os “Doze Profetas Menores”. Esses profetas são absolutamente relevantes para a nossa época. Sua mensagem é contundente, oportuna e urgente. São chamados de profetas menores não porque são menos importantes do que os profetas maiores, mas porque escreveram mensagens mais resumidas.
Os Profetas Menores são absolutamente atuais. Eles são nossos contemporâneos. Embora tenham vivido há mais de 2.500 anos, abordam temas que ainda estão na agenda das famílias, das igrejas e das nações. Eles são atemporais. São mais atuais do que os periódicos semanais mais lidos dos nossos dias.
Os Profetas Menores são desesperadamente necessários. A mensagem deles não é periférica, mas toca no cerne dos problemas que ainda hoje afligem a alma humana. Lamentavelmente esses profetas têm sido esquecidos pela nossa geração. Poucos cristãos leem com a devida atenção esses preciosos compêndios proféticos. Poucos pregadores expõem com clareza, fidelidade e sistematicidade esses livros no púlpito.
No atual momento histórico da igreja evangélica brasileira, com a comprovação do seu crescimento numérico de forma surpreendente na última década, em especial a ala pentecostal, e mais especialmente a Assembleia de Deus, o estudo da mensagem dos Doze Profetas Menores é importantíssimo para que possamos avaliar nossa ação e testemunho como igreja pela ótica divina por eles expressa.
Precisamos resgatar a atualidade desses arautos de Deus. Devemos tomar consciência de que o inimigo das nossas almas tenta hoje, da mesma forma como tentou fazer com o povo de Israel, destruir nossa comunhão com o Senhor.
I. SOBRE OS PROFETAS MENORES
1. Autoridade. O valor e a autoridade dos escritos dos Profetas Menores em nada diferem dos Profetas Maiores. Esses homens de Deus eram, sobretudo, pregadores morais e éticos, vigias, sentinelas levantados por Deus para despertar e exortar suas respectivas gerações. Eles não falaram sobre Deus em termos abstratos de filosofia ou teologia. Falaram dEle como alguém ativamente envolvido no mundo que Ele criou e intimamente interessado no povo do concerto. Durante as dominações assíria, babilônica e persa, Deus levantou esses homens para conclamar o povo de Israel ao arrependimento e reanimá-los. Em suas exortações proféticas, eles denunciaram e combateram contundentemente a corrupção, o abuso de autoridade, a injustiça social, a idolatria e o arrefecimento espiritual e a frouxidão moral do povo, o que atesta a atualidade premente dessas exortações para os nossos dias, ou melhor, para todas as épocas.
2. Origem do termo. A expressão "Profetas Menores" foi cunhada por Agostinho, grande teólogo da Igreja, que viveu entre 354 e 430 d.C., levando em conta o fato de que os escritos destes profetas são diminutos em relação aos dos Profetas Maiores. Assim, não têm qualquer relação com a importância destes profetas ou com sua espiritualidade. A designação deve-se ao pequeno volume dos seus respectivos livros em comparação aos dos Profetas Maiores, e não quanto à qualidade da inspiração divina.
Espiritualmente só Deus pode avaliar a importância que cada um de seus Profetas representa no Reino de Deus. Moisés exerceu um Ministério, no deserto, por 40 anos; escreveu, certamente, cinco Livros, totalizando 187 Capítulos. Isaías exerceu um Ministério Profético por cerca de sessenta anos; escreveu um Livro com 66 Capítulos. Todavia, João Batista exerceu um curtíssimo ministério, não deixou nada escrito, porém, o Senhor Jesus, disse: “Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista ...”(Mt 11: 11).
João Batista foi o único que viu o que todos os profetas desejaram ver: ele viu o Filho de Deus, encarnado. Não apenas viu, mas, tocou-o. Não apenas tocou-o, mas, batizou-o. João Batista foi escolhido por Deus para apresentar Seu Filho ao mundo - “... Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”(João 1:29).
O nosso julgamento pessoal a respeito de um homem e a nossa avaliação sobre o trabalho desenvolvido por cada um, pode não corresponder ao pensamento e a avaliação feita por Deus. Só Deus pode mensurar a importância do nosso trabalho, para o Seu Reino. Portanto, não subestimemos os Profetas Menores.
3. Cânon e cenário dos Doze. Dentre os profetas, houve aqueles que escreveram as suas mensagens, os chamados profetas escritos. Dentre os profetas escritos, há aqueles cujos livros são bem volumosos, os chamados Profetas Maiores - quatro profetas compõem este grupo: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel. Os demais livros proféticos, cujos volumes são curtos, constituídos de doze livros, que leva o nome dos respectivos profetas, são considerados Profetas Menores. Estes dezesseis profetas exerceram seus Ministérios num período de cerca de 450 anos. Depois de cerca de 400 anos de silêncio profético, aparece João Batista, o último dos profetas do Antigo Testamento, que encerra a sucessão profética iniciada por Moisés e Arão, e recebe a nobre incumbência de preparar o povo para receber o Messias e, também, apresentá-lo à nação de Israel(Lc 16:16; Mc 1:2; João 1:31). Era o fim de uma Era e o início de outra para Israel e para todas as nações.
Afora os profetas escritores há, também, os considerados profetas “não canônicos”, também chamados de “Profetas Oradores” - são aqueles que profetizaram verbalmente e que não deixaram suas mensagens escritas. O primeiro que a Bíblia menciona é Enoque - “E destes profetizou também Enoque...” (Judas 14); dentre estes a Bíblia cita Abraão (Gn 20: 7), Natã, Gade, Elias, Elizeu, Micaias, etc.
O cânon judaico classifica os profetas do Antigo Testamento em Anteriores e Posteriores, sendo: a) Anteriores: Josué, Juizes, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis; e b) Posteriores: Isaias, Jeremias, Ezequiel e os Doze. Portanto, no cânon hebraico do Velho Testamento, os doze profetas menores formam um livro, ou coleção de escritos sacros denominada “Os Doze”. Portanto, a classificação e o arranjo do cânon hebraico diferem sistematicamente do nosso.
Na versão grega da Septuaginta, a mesma coletânea tem como título “Os Doze Profetas”. Nos séculos que precedem o nascimento de Jesus Cristo, os judeus piedosos se alimentavam das gloriosas promessas messiânicas contidas no livro “Os Doze”. Assim, o Velho Testamento termina com “Os Doze” e sua refulgente esperança num Messias Todo-Poderoso.
Os doze livros que compõem os Profetas Menores variam em data entre os séculos 8 a 5 a.C., tendo alguns deles sido contemporâneos. O período abrangeu o domínio de três impérios mundiais: Assírio, Babilônico e Persa.
Na Bíblia Sagrada, os seis primeiros Profetas Menores não estão colocados em ordem cronológica. Sabemos que nove exerceram o Ministério Profético antes do Cativeiro. Três - Ageu, Zacarias e Malaquias -, profetizaram depois da volta do Cativeiro.
A seguir, um quadro-resumo dos propósitos, o período de atuação destes profetas e o rei contemporâneo.
PROFETA
SIGNIFICADO
ANO E REINADO
PROPÓSITO
OSÉIAS
Salvação
793-753 a.C.; reis de Judá: Uzias, Jotão, Acaz, Ezequias; rei do norte: Jeroboão.
Mostrar o amor de Deus por seu povo pecador.
JOEL
O Senhor é Deus
835-830 a.C.; Os reis não são mencionados no livro.
Prevenir Judá a respeito do iminente castigo do Deus como conseqüência de seus pecados e insistir pura que o povo se volte para o Senhor.
AMÓS
Carga
835-830 a.C.; Os reis não são mencionados no livro.
Prevenir Judá a respeito do iminente castigo do Deus como conseqüência de seus pecados e insistir pura que o povo se volte para o Senhor.
AMÓS
Carga
760-755 a.C.; rei de Judá: Uzias; rei do norte: Jeroboão II.
Anunciar o juízo de Deus sobre Israel, o Reino do Norte, por sua complacência, idolatria e opressão aos pobres.
OBADIAS
Servo de Jeová
Cerca de 585 a.C.; Não é mencionado rei algum.
Mostrar que Deus castiga aqueles que afligem o seu povo.
JONAS
pombo
760 a.C.; rei do norte:Jeroboão II.
Mostrar a extensão da graça de Deus — a mensagem da salvação é para toda a humanidade.
MIQUÉIAS
Quem é semelhante a Jeová?
735-710 a.C.; reis de Judá: Jotão, Acaz e Ezequias.
Prevenir o povo ele Deus de que o juízo está próximo e oferecer perdão a todos aqueles que se arrependerem.
Miquéias predisse com exatidão a queda de Israel e de Judá. Também profetizou a cidade onde o Messias iria nascer (Mq 5:2).
NAUM
consolo
Cerca de 630-620 a.C.; os reis de Judá e do norte não são mencionados.
Pronunciar o juízo de Deus sobre a Assíria e confortar Judá com esta verdade.
HABACUQUE
Abraço ardente
Cerca de 606 a.C.; rei de Judá: Jeoaquim.
Mostrar que Deus ainda está no controle do mundo, apesar do aparente triunfo do mal.
Adverte o povo que “o justo viverá pela fé” (Hc 2:4) e não pela razão ou entendimento humano.
SOFONIAS
O Senhor esconde
Cerca de 630 a.C.; rei de Judá: Josias.
Despertar o povo de Judá quanto à sua complacência e exortá-lo a retornarem para Deus.
Profetiza acerca do Juízo divino — “o Grande Dia do Senhor” (Sf 1:14), ou ainda “o Dia da Ira” (Sf 1:15).
AGEU
festivo
520 a.C.; primeiras décadas do pós-exílio.
Exortar o povo, o governador Zorobabel e o sumo-sacerdote Josué para a reconstrução do Templo, e priorizarem a obra de Deus nas suas vidas (Ag 2:18).
ZACARIAS
Jeová se lembrou
520-470 a.C.; período do pós-exílio.
Dar esperança ao povo de Deus, mediante a revelação da futura libertação que o Todo-Poderoso concederá através do Messias.
MALAQUIAS
mensageiro de Jeová
Cerca de 430-420 a.C.; período pós-exílio.
Confrontar o povo com seus pecados e restaurar seu relacionamento com Deus.
É altamente sugestivo que, após o longo silêncio do período intertestamentário, o Novo Testamento se abre com Jesus Cristo e a escolha dos Doze Apóstolos como pregoeiros da boa nova da Salvação. Esta relação histórica, entre as promessas dos Doze no fim do Velho Testamento, e a sua realização através da missão dos Doze no início do Novo Testamento, deve despertar no povo de Deus o afã de conhecer mais profundamente os escritos inspirados dos doze Profetas Menores, que ainda nos falam hoje. Os escritos destes Profetas são mensagens de justiça e esperança para hoje, para o homem do século vinte e um.
II. A MENSAGEM DOS PROFETAS MENORES
No Antigo Testamento, um profeta era alguém chamado por Deus para cumprir uma ou várias tarefas, especialmente a de entregar uma mensagem dEle. Tinha como objetivo tornar clara a vontade de Deus ao povo mediante: Instrução, Correção e Advertência. Todos os profetas trataram do mesmo assunto: denunciaram a maldade dos maus, chamaram os pecadores ao arrependimento, anunciaram castigos e destruições, bênçãos e restaurações, e apontaram para a vinda do Messias. O desafio dos profetas como porta-vozes de Deus e interpretes da Lei era conscientizar o povo do compromisso assumido no Sinai, para que cada um pusesse em prática a justiça social. Esses mensageiros de Deus viveram num período de desmando e apostasia generalizada e receberam a incumbência de comunicar a vontade de Deus ao povo chamando-o ao arrependimento.
O povo de Deus, no Antigo Testamento, aprendeu a ouvir e crer nos profetas. O conselho era: “Crede no Senhor, vosso Deus, e estareis seguros; crede nos Seus profetas e prosperareis” (2Cr 20:20). Este era o grande segredo: crer em Deus e nos seus profetas. Estes se tornaram tão importantes entre os judeus, que eram consultados pelo povo e pela classe dominante. Deus os considerava tanto que disse que não faria coisa alguma sem antes revelar aos seus servos, os profetas – “ Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas”(Am 3:7).
A mensagem deles não era apenas preditiva. Os profetas, inspirados por Deus, olharam para o futuro, mas também para os seus próprios dias. Eles denunciaram os pecados do povo quando esse se desviava dos caminhos do Senhor. A seguir, apresentamos o esboço de suas mensagens.
- OSÉIAS e seus filhos eram literalmente a mensagem de Deus ao reino de Israel(reino do norte), o qual tratava a Palavra de Deus levianamente.
Oséias profetizou num tempo de prosperidade financeira e decadência espiritual de Israel. Depois do morte de Salomão, em 931 a.C., dez tribos cismáticas romperam com a dinastia de Davi e seguiram Jeroboão I, formando o Reino do Norte. Esse reino foi levado cativo pela Assíria em 722 a.C. Nesses 209 anos, eles tiveram dezenove reis e oito diferentes dinastias, e nenhum desses reis andou com Deus. Todos eles se desviaram à semelhança de Jeroboão I, que induziu o povo a adorar um bezerro de ouro em lugar de servir ao Deus vivo.
Embora o bezerro de Betel devesse em princípio representar o Senhor, o ídolo em si cada vez mais se tornava objeto de adoração. Isso abriu espaço para outras formas de idolatria, e as alianças feitas pelos reis de Israel com potências estrangeiras introduziram as idolatrias imorais da Síria e da Fenícia.
O caminho foi assim aberto para a grosseira e cruel adoração da natureza associada aos nomes de Baal e de Astarote, com todas as suas consequentes abominações, dentre as quais os sacrifícios de crianças e a licenciosidade revoltante.
Israel atribuiu aos baalins aquilo que são dádivas de Deus Jeová, o único que tem poder para gerar a fertilidade (Os 2:5,8.9). Oséias condenou seus sacrifícios, dizendo que eram fúteis, oferecidos a deuses errados, em lugares errados, por motivos errados (Os 4:19; 5:7). Rejeitou seus meios de revelação, considerando-os instrumentos inertes, incapazes de discernir a vontade de Deus (Os 4:12). Deplorou seus atos sexuais, misturas descaradas de sensualidade e magia (Os 4:13,14). Denunciou seus líderes - sacerdote, profeta e rei (Os 4:4,5; 5:1). Zombou de sua superficialidade - pessoas beijando bezerros (Os 13:2), adorando produtos de seus próprios artesãos (Os 8:6). Condenou finalmente sua selvageria - o sacrifício perverso de criancinhas (Os 5:2).
Foi nesse cenário de luxo e de lixo, de glória humana e opróbrio espiritual, de ascendência econômica e decadência moral, que Deus levantou Oséias para confrontar os pecados da nação e chamá-la ao arrependimento.
- JOEL profetiza acerca do juízo divino que viria sobre o povo de Israel, que foi identificado como sendo o cativeiro da Babilônia. Mas a mensagem de Joel também fala do futuro, menciona o derramamento do Espírito Santo e o "Dia do Senhor", o acerto de contas que Deus fará com a humanidade impiedosa (Joel 3). Em Joel, vemos a revelação de Deus como um Ser que quer viver em cada ser humano através do Seu Espírito, mas que, apesar de Seu grande amor, é também um Deus justo, que fará, a seu tempo, o juízo sobre os impenitentes.
- AMÓS denuncia as pessoas ricas de sua época, que de forma injusta, tomavam terras dos mais pobres, deixando-os não apenas sem abrigo, mas também sem condições de ter trabalho cotidiano.
A maioria do povo de Israel gozava de paz e prosperidade, mas oprimiam os pobres, a ponto de vendê-los como escravos. Amós denuncia com total franqueza esse pecado. Enfrentou os falsos lideres religiosos de sua época e não se deixou intimidar por sacerdotes ou reis. Continuou, corajosamente, a transmitir sua mensagem. Deus exige a verdade e a bondade, a justiça e a retidão de todas as pessoas e de todas as nações.
Muitas das circunstâncias existentes em Israel, na época de Amós, ainda estão presentes e são evidentes na sociedade atual. Precisamos da coragem de Amós para ignorar o perigo e nos posicionar contra o pecado.
- OBADIAS transmitiu a mensagem de Deus aos edomitas. Ele predisse que Deus destruiria Edom como castigo por ter se mantido indiferente enquanto a Babilônia invadia Judá. Por causa de sua indiferença em relação a Deus, por terem-no desafiado, e também pelo orgulho, covardia e traição aos seus irmãos de Judá, foram condenados e seriam destruídos.
Deus julgará e punirá com rigor a lodos os que maltratarem seu povo. Podemos confiar em sua vitória final. Ele é nosso Defensor e podemos ter a certeza de que Ele fará com que a verdadeira justiça prevaleça. Todos os que são orgulhosos um dia ficarão perplexos ao descobrirem que ninguém está isento da justiça divina.
- JONAS foi mandado a pregar aos ninivitas, e aquela geração se arrependeu. A mensagem divina de amor e perdão não se destinava apenas aos judeus. Deus ama a todos os povos do mundo. Os assírios não mereciam esse amor, mas Deus os poupou quando se arrependeram. Em sua misericórdia, Deus não rejeitou Jonas por ter fugido de sua missão. Ele tem grande amor, paciência e perdão. Deus ama cada um de nós, mesmo quando fracassamos.
- MIQUÉIAS clamou para que o ritualismo não fosse superior à obediência, e para que seu povo não pensasse que poderia manter os rituais e serem desobedientes a Deus. Miquéias pregou que o maior desejo de Deus não eram os sacrifícios oferecidos no Templo. O Senhor se agrada da fé que produz justiça, amor pelos semelhantes e obediência a Ele.
- NAUM profetizou a destruição do império Assírio e de consolo para o povo de Deus, sabendo que Ele é soberano e que preserva a justiça no mundo.
A Assíria era a nação mais poderosa na terra. Orgulhosa de sua auto-suficiência e poderio militar, saquearam, oprimiram e mataram suas vítimas. Cem anos antes, Jonas pregara nas ruas da grande cidade de Nínive; o povo ouvira a mensagem de Deus e convertera-se do mal. Porém, nas gerações seguinte, o mal reinava novamente, e o profeta Naum pronunciou o juízo sobre esta nação má. Nínive é chamada de cidade sanguinária (Naum 3:1) e cruel (3:19), e os assírios são julgados por sua arrogância (Naum 1:11), idolatria (1:14), assassinatos, mentiras, traições e injustiças sociais (Naum 3:1-19). Naum predisse que esta nação orgulhosa e poderosa seria totalmente destruída por causa dos seus pecados. O fim veio em 50 anos.
Qualquer pessoa que permaneça arrogante e resista a autoridade de Deus enfrentará sua ira. Nenhum governante ou nação escapará impunemente por rejeitá-lo. Nenhum individuo poderá se esconder de seu juízo. Contudo, aqueles que sempre confiarem no Senhor estarão seguros para sempre.
- HABACUQUE viu um mundo agonizante, e isto partiu seu coração. Por que existe o mal no mundo? Por que os ímpios parecem ser vitoriosos? O profeta, com grande confiança e coragem, levou suas reclamações diretamente a Deus. Habacuque declara que esperará para ouvir as respostas de Deus às suas reclamações. E o Senhor lhe respondeu com uma avalanche de provas e predições. O Senhor começa a falar e diz ao profeta que escreva sua resposta claramente para que todos tomem conhecimento e compreendam. Pode transparecer, Deus diz, que os ímpios triunfam, mas no final serão julgados, e a justiça prevalecerá. O juízo pode não surgir rapidamente, mas virá. As respostas de Deus preenchem o capitulo 2 de Habacuque. Com perguntas respondidas e uma nova compreensão do poder e do amor de Deus, ele se regozija em quem Deus é e naquilo que Ele fará - "Todavia, eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação. Jeová, o Senhor, é minha força, e fará os meus pés como os das cervas, e me fará andar sobre as minhas alturas" (Hc 3:18,19).
O exemplo de Habacuque deve nos encorajar quando lutamos para passar da dúvida para a fé. Não devemos ter medo de formular nossas perguntas a Deus. O problema não está no Senhor ou em seus caminhos, mas em nossa limitada compreensão a seu respeito. Ele quer que venhamos à sua presença com nossas lutas e dúvidas, porém, suas respostas podem não ser o que esperamos. Ele é a nossa força e o nosso refúgio. Podemos ter a confiança de que o Senhor nos amará e guardará para sempre a comunhão que desfrutamos com Ele. Vivemos por meio de nossa confiança nEle, não pelos benefícios, felicidade ou sucesso que possamos experimentar nesta vida. Nossa esperança vem do Senhor.
- SOFONIAS advertiu o povo de Judá e disse-lhe que caso se recusasse a se arrepender, a nação inteira, inclusive a amada cidade de Jerusalém, seria destruída (ler Sf 1:3,14-16). O povo sabia que no final Deus o abençoaria, mas Sofonias deixou claro que primeiramente haveria juízo e, mediante o arrependimento, depois viria a bênção (ler Sf 3:14,15). Este julgamento não seria meramente o castigo pelo pecado, mas também um meio de purificar o povo. Embora vivamos em um mundo decaído e cercado pelo mal, podemos aguardar com esperança a vinda do Reino de Deus, e devemos permitir que qualquer castigo que nos sobrevenha no presente sirva para nos purificar de nossas transgressões.
-AGEU reanima o povo a reconstruir o templo e a não enveredar pelo perigosíssimo caminho do indiferentismo e do formalismo religioso.
Deus concedeu aos judeus a missão de reconstruírem o Templo em Jerusalém, quando retornaram do cativeiro. Após 15 anos, ainda não haviam concluído a obra. Estavam mais preocupados em construir suas próprias casas do que fazer a obra de Deus. Ageu os advertiu a ordenarem suas prioridades corretamente. É fácil tomar outras prioridades mais importantes do que fazer a obra de Deus. Mas o Senhor quer que prossigamos até o final sem fraquejar, e que cooperemos na construção de seu Reino. Não pare e nem dê desculpas. Coloque o seu coração naquilo que é correto, e faça-o. Ordene corretamente as suas prioridades.
- SACARIAS, como Ageu, encorajou o povo a concluir a reconstrução do Templo, mas sua mensagem foi muito além daqueles muros físicos e das questões daquela época. Suas visões descreveram o juízo dos inimigos de Israel, as bênçãos preparadas para Jerusalém e a necessidade de o povo de Deus permanecer puro - evitando a hipocrisia, a superficialidade e o pecado. As visões de Zacarias proveram esperança ao povo. Com uma espetacular imagem apocalíptica e os detalhes que mencionou, ele falou a respeito do Messias, aquele a quem Deus enviaria para salvar o seu povo e reinar sobre toda a terra.
Zacarias é um dos mais importantes livros proféticos, o qual registra referências messiânicas detalhadas que foram claramente cumpridas na vida de Jesus Cristo. A reconstrução do Templo, ele diz, foi apenas o primeiro ato no drama dos tempos do fim e a introdução da era messiânica. Zacarias proclamou uma mensagem comovente de esperança para estes ex-exilados — seu Rei chegaria logo. O Messias veio como um servo para morrer por nós. Ele voltará como um Rei vitorioso e governará o mundo todo em paz. Submeta-se à sua liderança agora, a fim de que você esteja pronto para o retorno triunfante do Rei Jesus.
- MALAQUIAS denuncia o grande problema que surgira no meio do povo de Deus depois do cativeiro da Babilônia. Curado da idolatria, cujo remédio fora o cativeiro(cfr. 2Cr 36:14-16), Israel passa a sofrer de um mal bastante perigoso: o indiferentismo, ou seja, a insensibilidade para com as coisas de Deus. Malaquias, então, censurou o povo e os sacerdotes por negligenciarem a adoração a Deus e por falharem em viver de acordo com a vontade do Senhor. Tão mau ou pior do que adorar a outros deuses, é não dar a Deus o devido louvor e adoração, é achar que as coisas de Deus são comuns e não devem ser tratadas com prioridade e dedicação.
Além disso, os sacerdotes eram corruptos; como podiam liderar a religião? Tornaram-se pedras de tropeço ao invés de lideres espirituais. Os homens divorciavam-se de suas esposas e casavam-se com mulheres pagãs; como poderiam ter filhos tementes ao Senhor? Seu relacionamento com Deus tornara-se irrelevante.
Estes males que afligiam o povo de Israel nos dias de Malaquias são, também, os que acometem a Igreja do Senhor. Assim como nos últimos dias antes do silêncio de Deus na antiga aliança - o povo estava despercebido e tratava as coisas do Senhor com desdém -, também, nos últimos dias de nossa dispensação, antes do terrível silêncio da grande tribulação, muitos estarão insensíveis ao Senhor e à Sua obra.
Portanto, os Profetas Menores impactaram o mundo com suas mensagens. Seus discursos atravessaram os séculos e ainda hoje instrui as nações. Eles são reconhecidos até os dias atuais por judeus e cristãos. O próprio Senhor Jesus e seus apóstolos admitiram a autoridade deles (Mt 5:17,18; 2Pe 1:19-21). Os “Profetas Menores” contribuíram sobremaneira para a formação moral e ética dos períodos que se seguiram e exerceram grande influência entre todos os povos da terra, até o dia de hoje. Eles nos mostram que o povo de Israel (e nós também) precisava se arrepender de seus pecados, para finalmente, serem aceitos por Deus.
III. A INSPIRAÇÃO DIVINA DOS PROFETAS
Os profetas do Antigo Testamento eram homens de Deus que, espiritualmente, achavam-se muito acima de seus contemporâneos. Eram considerados o "porta-voz" de Deus (Êx 7:1; 4:10-16). Eram pessoas que falavam em nome do Senhor: "Serás como a minha boca" (Jr 15:19). Deus escolheu, preparou e inspirou seus servos, os profetas, para admoestar seu povo. Eles se utilizavam de métodos variados para ensinar (cf Os 12:10; Hb 1:1). Eram educadores ungidos pelo Senhor para ensinar o povo a viver em santidade, tornando-lhe conhecida sua revelação e desvendando-lhe as coisas futuras (Nm 12:6; 1Rs 19:16; Jr 18:18).
Eles não hesitavam em enfrentar reis desobedientes, governadores, sacerdotes ou qualquer tipo de liderança que não seguisse a Palavra de Deus (1Rs 18:18). Tinham, ainda, como missão: lutar contra a idolatria, zelar pela pureza religiosa, justiça social e fidelidade a Deus. Suas mensagens deveriam ser recebidas integralmente por toda a nação como palavra de Deus (cf 2Cr 20:20).
Além de instruir o povo de Israel, os profetas do Antigo Testamento, também, vaticinaram a vinda do Profeta por Excelência, Jesus Cristo, o Messias prometido. O apóstolo Pedro assim se expressou: “Mas Deus assim cumpriu o que já dantes pela boca de todos os seus profetas havia anunciado: que o Cristo havia de padecer”(At 3:18). A obra Redentora de Cristo Jesus pode ser encontrada, tipológica e profeticamente, na Lei de Moisés e nos Profetas: "E todos os profetas, desde Samuel, todos quantos depois falaram, também anunciaram estes dias"(Atos 3:24).
Pedro enfatiza que as Escrituras são provenientes de Deus, e não de seres humanos; são divinamente inspiradas. Os escritores bíblicos não redigiram uma combinação de suas próprias ideias; o texto resultante não é proveniente de imaginação, discernimento ou especulação humana. O apóstolo Pedro, em sua Segunda Epístola assim afirmou: “sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação; porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”(2Pe 1:21).
Na verdade, homens santos de Deus falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo. Apesar de não compreendermos plenamente como se deu o processo, Deus dirigiu cada palavra que esses homens escreveram. Ao mesmo tempo, contudo, Deus não destruiu a individualidade ou o estilo dos escritores. Em tempos como os nossos, nos quais tantas pessoas negam a autoridade das Escrituras, é importante termos convicção da inspiração verbal, plenária e inerrante das Escrituras Sagradas.
A inspiração verbal indica que as palavras redigidas por pelo menos quarenta escritores humanos foram inspiradas por Deus(cf 1Co 2:13). Deus não deu um esboço geral ou algumas ideias básicas e depois permitiu que os escritores as expressassem como lhes parecesse melhor. As próprias palavras que usaram foram dadas pelo Espírito Santo.
A inspiração plenária indica que a Bíblia toda foi igualmente inspirada por Deus, desde Gênesis até Apocalipse. É a palavra de Deus (cf 2Tm 3:16).
Dizemos também que a Bíblia é inerrante, porque não contém absolutamente nenhum erro no original, não apenas no tocante à doutrina, mas também à história, ciência, cronologia e todas as outras áreas.
Portanto, o profeta não era simplesmente um líder religioso, mas alguém possuído pelo Espírito Santo (Ez 37:1,4). Pelo fato do Espírito e a Palavra estarem nele, o profeta do Antigo Testamento possuía estas três características, conforme Bíblia de Estudo Pentecostal:
1) Conhecimentos divinamente revelados. O profeta recebia conhecimento da parte de Deus no tocante às pessoas, aos eventos e à verdade redentora. O propósito principal de tais conhecimentos era encorajar o povo a permanecer fiel a Deus e ao seu Concerto. A característica distintiva da profecia, no Antigo Testamento, era tornar clara a vontade de Deus ao povo mediante a instrução, a correção e a advertência. O Senhor usava os profetas para pronunciarem o seu juízo antes de este ser desferido. Do solo da história sombria de Israel e de Judá, brotaram profecias específicas a respeito do Messias e do reino de Deus, bem como predições sobre os eventos mundiais que ainda estão por ocorrer (exemplos: Ez caps. 37-39; Dn cap.12).
2) Poderes divinamente outorgados. Os profetas eram levados à esfera dos milagres à medida que recebiam a plenitude do Espírito de Deus. Através dos profetas, a vida e o poder divinos eram demonstrados de modo sobrenatural diante de um mundo que, doutra forma, se fecharia à dimensão divina.
3) Estilo de vida característico. Os profetas, na sua maioria, abandonaram as atividades corriqueiras da vida a fim de viverem exclusivamente para Deus. Protestavam intensamente contra a idolatria, a imoralidade e iniquidade cometidas pelo povo, bem como a corrupção praticada pelos reis e sacerdotes. Suas atividades visavam mudanças santas e justas em Israel. Suas investidas eram sempre em favor do reino de Deus e de sua justiça. Lutavam pelo cumprimento da vontade divina, sem levar em conta os riscos pessoais.
Os sacerdotes, juizes, reis, conselheiros e os salmistas, tinham cada um, lugar definitivo na história de Israel, mas nenhum deles, logrou alcançar a estatura dos profetas, nem chegou a exercer tanta influencia na historia da redenção.
CONCLUSÃO
Diante do exposto, os “Profetas Menores”, como parte integrante das Escrituras inspiradas, não devem ficar em segundo plano. Estudá-los é um dever dos cristãos que desejam ter suas vidas alinhadas com a vontade de Deus no que tange à vida pessoal e às práticas diárias.
Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.
Revista Ensinador Cristão – nº 52 – CPAD.
A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck.
Comentário Bíblico Beacon, v.5 – CPAD.
Os Profetas Menores - Dr. Caramuru Afonso Francisco.