Aula 11 – OS MILAGRES DE ELISEU



1º Trimestre/2013

Texto Básico:2:9-14

“Ora, o rei falava a Geazi, moço do homem de Deus, dizendo: Conta-me, peço-te, todas as grandes obras que Eliseu tem feito” (2Rs 8:4).

INTRODUÇÃO

O ministério de Eliseu foi ratificado pelos milagres que Deus realizou por sua instrumentalidade. Foram 14 (quatorze) milagres ao longo de seu ministério, a saber: (1) dividir as águas do Jordão (2Rs 2:14); (2) sanear uma fonte (2Rs 2:19-22); (3) amaldiçoar zombadores (2Rs 2:24); (4) encher os poços com água (2Rs 3:15,26); (5) multiplicar o azeite de uma viúva (2Rs 4:1-7); (6) predizer uma gestação (2Rs 4:17); (7) fazer voltar à vida um jovem morto (2Rs 4:32-37); (8) neutralizar veneno (2Rs 4:38-41); (9) multiplicar pães (2Rs 4:42-44); (10) curar a lepra de Naamã (2Rs 5:1-19); (11) amaldiçoar Geazi com lepra (2Rs 5:20-27); (12) preparar armadilha para a força militar Síria (2Rs 6:8-25); (13) revelar um exército de anjos (2Rs 6:15-16); e (14) predizer o alívio para a sitiada Samaria (2Rs 6:24-7:20). De forma geral, esses milagres foram manifestos em momentos de angústia, onde apenas Deus poderia intervir, como foi o caso da predição da abundância de alimentos para Samaria sitiada e faminta, e a volta à vida do filho da Sunamita, que havia morrido.

Nesta Aula, trataremos apenas 08(oito) dos 14(quatorze) milagres que Deus realizou por instrumentalidade de Eliseu. Dividiremos aqui as narrativas desses milagres em quatro grupos, tornando o ensino mais didático: milagres de provisão, restituição, restauração e julgamento. Todas essas intervenções divinas operadas por Eliseu tinham como único propósito não exaltar as virtudes do profeta, mas evidenciar a graça e a glória do Todo-Poderoso.

I. OS MILAGRES DE PROVISÃO

1. A multiplicação dos pães(2Rs 4:42-44). ”E um homem veio de Baal-Salisa, e trouxe ao homem de Deus pães das primícias, vinte pães de cevada e espigas verdes na sua palha, e disse: Dá ao povo, para que coma. Porém seu servo disse: Como hei de eu pôr isso diante de cem homens? E disse ele: Dá-o ao povo, para que coma; porque assim diz o SENHOR: Comer-se-á, e sobejará. Então, lhos pôs diante, e comeram, e deixaram sobejos, conforme a palavra do SENHOR”.


Este é um milagre de Provisão. O milagroso poder de Deus se manifestou através da pequena quantidade de alimento que se multiplicou e se tornou mais do que suficiente para cem homens. Essa era a forma de Deus demonstrar que Ele proveria aos seus profetas. Quando Jesus esteve aqui na Terra, em sua forma encarnada, Ele operou um milagre com a mesma dinâmica, mas em maior proporção (cf Lucas 9:10-17). Em ambos os acontecimentos, é assaz evidente a graça de Deus em prover o necessário para os carentes.

2. Abundância de víveres (ler 2Rs 7:1-18). O contexto histórico desta narrativa bíblica refere-se à época do rei Jorão, filho de Acabe. Tal qual o seu pai, fez o que era mau aos olhos do Senhor Deus de Israel (2Rs 3:1,2). Ele aderiu aos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, que fizera pecar a Israel; não se apartou deles (2Rs 3:3). A consequência de suas ações pecaminosas foi o cerco à cidade de Samaria pelo rei da Síria, Ben-Hadade. Com a cidade sitiada, a consequência natural foi a escassez de alimentos. Por causa do cerco e, por conseguinte, a fome severa, até canibalismo foi praticado: as mães comiam seus próprios filhos (2Rs 6:28). Esse reprovável ato dessas mulheres é uma demonstração clara que Israel perdera a fé e se afastara da confiança em Deus. Um dos resultados principais do repúdio a Deus e à sua Palavra é a perda do amor e da afeição à família (cf. Dt 28:15,53-57).

Eliseu profetizara que a falta de alimentos chegaria ao fim e que seus preços cairiam, até chegar ao normal (2Rs 7:16). E foi o que aconteceu. Foi realmente um grande milagre, que aconteceu de forma sobrenatural e fora da lógica humana. Com esse acontecimento, os israelitas compreenderam que a palavra do Senhor era realmente a verdade, e que Deus, na sua misericórdia, salvara a nação apóstata, da calamidade, para que se arrependesse e voltasse a Ele; e que a incredulidade e a recusa em obedecer a palavra de Deus resultaram em mais castigos(veja o caso do capitão – vv. 2,17-20).

É Deus, não os ídolos sem valor, quem nos dá nosso alimento cotidiano. Apesar de nossa fé às vezes ser fraca ou bem pequena, jamais nos tornemos céticos quanto à provisão do Senhor. Quando nossos recursos estiverem reduzidos e nossas dúvidas forem muito fortes, lembremo-nos de que Deus pode abrir as comportas do Céu.

II. OS MILAGRES DA RESTITUIÇÃO

1. A restauração do filho da sunamita (2Rs 4:32-37). “E, chegando Eliseu àquela casa, eis que o menino jazia morto sobre a sua cama. Então, entrou ele, e fechou a porta sobre eles ambos, e orou ao SENHOR. E subiu, e deitou-se sobre o menino, e, pondo a sua boca sobre a boca dele, e os seus olhos sobre os olhos dele, e as suas mãos sobre as mãos dele, se estendeu sobre ele; e a carne do menino aqueceu. Depois, voltou, e passeou naquela casa de uma parte para a outra, e tornou a subir, e se estendeu sobre ele; então, o menino espirrou sete vezes e o menino abriu os olhos. Então, chamou a Geazi e disse: Chama essa sunamita. E chamou-a, e veio a ele. E disse ele: Toma o teu filho. E veio ela, e se prostrou a seus pés, e se inclinou à terra; e tomou o seu filho e saiu”.

Na cidade de Suném (4:8), perto do Mar da Galiléia, havia uma senhora casada com um próspero fazendeiro que se mostrou generosa para com o profeta, dando-lhe boa acolhida em sua casa e até construindo um quarto extra, especialmente para hospedá-lo em suas passagens por lá. Ela tinha tudo o que precisava, mas não tinha o que mais desejava – um filho.

Em Israel a ausência de filhos era sempre motivo de chacota e desprezo, e ainda que o marido fosse estéril ou demasiadamente velho, a culpa sempre era da esposa. A sunamaita, apesar da tranquilidade financeira, carregava sobre si esse imenso desconforto. Eliseu, por sua vez, retribuiu a generosidade intercedendo pelo milagre de um filho, e Deus concedeu-lhe essa graça.

Passados alguns anos aquela criança adoeceu gravemente e acabou falecendo nos braças da mãe. Ela, que no início duvidara da promessa de Eliseu, agora, amadurecida na fé, pôde crer na restituição miraculosa de seu filho morto. Agiu rapidamente no sentido de encontrar o profeta e nem contou ao marido o que havia ocorrido, na certeza de que Deus resolveria a questão antes que a tragédia viesse à tona. Eliseu deixou tudo o que estava fazendo para vir em socorro da mulher e da criança, e ao chegar na casa fez duas coisas: clamou a Deus e tentou aquecer aquela pequena vítima.

O método de Eliseu funcionou. Deus ouviu o seu clamor e, com isso, a confiança daquela mãe, que mesmo em meio às lágrimas, foi surpreendentemente recompensada. Prostrou-se aos pés de seu benfeitor, cheia de júbilo, e saiu com o filho nos braços glorificando a Deus.

Aquilo que cabe a nós, isso devemos fazer, pois Deus mesmo concedeu os meios naturais que nos ajudam a sobreviver. Porém, há coisas que só pela força sobrenatural de Deus podemos obter.

2. O machado que flutuou (2Rs 6:1-7). “E disseram os filhos dos profetas a Eliseu: Eis que o lugar em que habitamos diante da tua face nos é estreito. Vamos, pois, até ao Jordão, e tomemos de lá, cada um de nós, uma viga, e façamo-nos ali um lugar, para habitar ali. E disse ele: Ide. E disse um: Serve-te de ires com os teus servos. E disse: Eu irei. E foi com eles; e, chegando eles ao Jordão, cortaram madeira. E sucedeu que, derribando um deles uma viga, o ferro caiu na água; e clamou e disse: Ai! Meu senhor! Porque era emprestado. E disse o homem de Deus: Onde caiu? E, mostrando-lhe ele o lugar, cortou um pau, e o lançou ali, e fez nadar o ferro. E disse: Levanta-o. Então, ele estendeu a sua mão e o tomou”.

O fato do machado de ferro ou de bronze, que havia afundado, ter subido à superfície foi um completo milagre. Foi uma demonstração do poder de Deus. Um machado de ferro ou bronze, naqueles dias, era uma ferramenta muito cara, e esse pobre homem ficou aflito ao pensar na sua responsabilidade pela ferramenta emprestada. O milagre serviu para enfatizar aos jovens profetas que, no conflito com a adoração a Baal, Deus trabalhava a favor deles. Também serviu para mostrar o cuidado e a provisão de Deus para aqueles que confiam nele, mesmo nos acontecimentos mais insignificantes da vida cotidiana. Deus está sempre presente. Ele está pronto a restituir o que perdemos, mas precisamos ter consciência disso.

III. OS MILAGRES DE RESTAURAÇÃO

1. A cura de Naamã (ler 2Rs 5:1-19). Algumas coisas nos chamam a atenção no relato desse milagre.

a) O testemunho da fé (2Rs 5:1-8). Naamã, general do exército da Síria, era um grande homem diante do seu rei, do seu povo, e de muito respeito...porém, leproso. Na vida de um grande homem, por mais importante e destacado entre o seu povo, há sempre um “porém”. Não adianta ensoberbecer, há sempre um “porém”. Este general havia conquistado tudo que desejava, “porém, havia perdido aquilo que mais prezava – sua saúde, tornara-se leproso. A menina israelita, por sua vez, perdera tudo que mais amava, mas manteve saudável a sua fé. E apesar da indignação de ser raptada, de perder o contato com a amada família, de ser reduzida à vil escravidão, de perder a sua infância, de ter de servir a um tirano, inimigo de seu povo, e pior ainda, um leproso, apesar de tudo isso manteve firme sua confiança em Deus. Mostrou-se disposta a testemunhar de sua fé naquele ambiente hostil, oferecendo uma benção àquele que a ofendeu: “tomara o meu senhor estivesse diante do profeta que está em Samaria; ele o restauraria da sua lepra” (2Rs 5:3). A atitude e a fé dessa menina israelita nos dá a seguinte lição: nem sempre o ambiente onde vivemos, estudamos e trabalhamos vem a ser aquilo que gostaríamos, mas nunca deixará de ser um lugar de oportunidade, onde nossa fé, mesmo com lágrimas, poderá ser semeada e mudanças alegres poderão ser colhidas (veja Salmo 126:6).

As boas novas logo se espalharam chegando até o trono do rei da Síria, Ben-Hadade. Aquele reino próspero e poderoso nada podia fazer em benefício de seu herói, mas o “fraco” reino de Israel, por eles saqueado, possuía homens com grande poder espiritual. O opressor agora dependia do oprimido, o forte precisava do fraco, e dessa forma o nome de Deus foi exaltado entre as nações. Ben-Hadade enviou seu general favorito ao rei de Israel, com uma grande comitiva, um batalhão fortemente armado e uma considerável fortuna, a fim de encorajar a cooperação do rei Jorão – “encontrar o tal profeta milagroso”. A abordagem de Naamã foi direta e honesta, mas o rei de Israel interpretou mal aquele pedido, confundindo com um pretexto para provocar uma nova guerra (cf. 2Rs 5:7). Sua cegueira espiritual o impedia de enxergar a grande oportunidade que Deus havia proporcionado. Imaginem a repercussão internacional que seu reino poderia obter se o grande Naamã fosse socorrido pelos “poderes de Israel”? O rei Jorão sabia que Eliseu tinha esse poder, mas a desprezível idolatria que maculava sua alma o impedia de raciocinar com clareza.

Naamã levou à presença do rei Jorão, como retribuição à sua petição, a exorbitante quantia de 10 talentos de prata (350 kg), 6.000 siclos de ouro (68 kg) e dez vestes festivais (trajes de luxo adornados com pedras preciosas). Certamente uma parte daquele tesouro caberia ao profeta que o curasse. Não tardou a que as noticias chegassem aos ouvidos de Eliseu, o qual repreendeu a estupidez do rei Jorão e sua incredulidade: “Porque rasgastes as tuas vestes? Deixa-o vir a mim e saberá que há profeta em Israel” (2Rs 5:8).

b) O exercício da fé (2Rs 5:9-19). Chegou Naamã, com sua comitiva, seu exército, seu poder e sua carga preciosa à casa do profeta, mas Eliseu não se deixou impressionar com toda aquela ostentação, de modo que nem ao menos se deu ao trabalho de ir saudá-lo ou festejá-lo. Conhecia o objetivo de sua visita e, provando a sua fé, mandou o seu discípulo, Geazi, ao encontro de Naamã, no portão, com a seguinte instrução: “Vai, lava-te sete vezes no Jordão, e a tua carne será restaurada, e ficarás limpo” (2Rs 5:10). Perante Deus não há lugar para soberba; Naamã precisava aprender esta lição. Se alguém busca uma bênção de Deus, que busque isso com humildade e fé ou nada receberá – “pois todo aquele que se exalta será humilhado, e o que se humilha será exaltado”(Lc 14:11).

O arrogante general começou a desanimar e a perder as esperanças de uma cura espetacular, em função do preconceito contra o método do profeta e pela maneira como foi tratado. Desejou voltar para casa imediatamente, mas seus assessores, munidos de um sincero desejo de vê-lo curado, convenceram-no com muita inteligência, cautela e lógica: “O senhor é homem valente e nunca se negou a uma tarefa por mais difícil que fosse. Temos certeza de que o senhor faria qualquer coisa que o profeta pedisse sem hesitar ou demonstrar temor. Por que, então, não poderia fazer algo tão simples?” (2Rs 5:13 – parafraseado).

A questão agora estava nas mãos de Naamã. Em seu desespero, já havia crido até nos conselhos de uma escrava estrangeira, percorrera grande distância rumo ao desconhecido e fizera um considerável investimento em busca da solução para o seu drama. Faltava-lhe agora o passo final – “agir com fé”. Finalmente, o grande estadista abriu mão do orgulho e mergulhou no “lamacento” rio Jordão. Posso até imaginar a expectativa de seus companheiros. “Mergulhou uma, duas vezes, e nada! Mergulhou terceira, quarta e quinta vez, e nada aconteceu! Mergulhou pela sexta vez e não houve sequer um vestígio de mudança. A angústia foi aumentando; teria o profeta passado um trote no general? Se desistisse ali teria perdido a grande oportunidade de sua vida, mas não desistiu; exercitou sua débil fé até o fim e, por isso, o resultado foi melhor que o esperado. Não apenas obteve a cura, como também ganhou uma pele rejuvenescida, tal como a pele de uma criança.

Naamã voltou à presença de Eliseu com seu corpo purificado, sua alma lavada e suas mãos repletas de dádivas. A transformação foi completa; Deus mudou-lhe o exterior e o interior, e fez dele um novo homem. O profeta, ao olhar tamanha alegria, alegrou-se também; não pela fortuna que lhe foi oferecida, mas pela preciosidade de uma vida transformada e agora consagrada ao verdadeiro Deus.

2. As águas de Jericó (2Rs 2:19-22). “E os homens da cidade disseram a Eliseu: Eis que boa é a habitação desta cidade, como o meu senhor vê; porém as águas são más, e a terra é estéril. E ele disse: Trazei-me uma salva nova e ponde nela sal. E lha trouxeram. Então, saiu ele ao manancial das águas e deitou sal nele; e disse: Assim diz o SENHOR: Sararei estas águas; não haverá mais nelas morte nem esterilidade. Ficaram, pois, sãs aquelas águas até ao dia de hoje, conforme a palavra que Eliseu tinha dito”.

Este texto narra a história das águas amargas de Jericó que foram restauradas por Deus através da instrumentalidade do profeta Eliseu. No acontecimento desse milagre, o profeta pede um prato novo e, dentro deste, se coloque sal. Feito isso, Eliseu profetiza, em nome do Senhor, que aquelas águas tornem-se potáveis. E assim aconteceu – “ficaram sãs aquelas águas”. Aqui, o “sal”simboliza um elemento purificador (Lv 2:13; Mt 5:13), enquanto o “prato novo” simboliza um instrumento de dedicação especial ou exclusiva para aquele momento. Na verdade, ao tornar saudáveis as águas salobras, usando um prato de sal, Deus quis mostrar aos “seminaristas”(os discípulos de Eliseu) que Ele tem total controle e autoridade sobre a natureza (veja o caso de Elias no ribeiro de Querite – 1Reis 17:4-6). Com esse milagre, Deus quis dar tranquilidade de provisões aos discípulos de Eliseu.

IV. OS MILAGRES DE JULGAMENTO
1. Maldição dos rapazes (2Rs 2:23-24). “Então, subiu dali a Betel; e, subindo ele pelo caminho, uns rapazes pequenos saíram da cidade, e zombavam dele, e diziam-lhe: Sobe, calvo, sobe, calvo! E, virando-se ele para trás, os viu e os amaldiçoou no nome do SENHOR; então, duas ursas saíram do bosque e despedaçaram quarenta e dois daqueles pequenos”.

No caminho entre Jericó e Betel, um dos centros de adoração ao bezerro, Eliseu se deparou com um grupo de rapazes arruaceiros que o chamaram de “calvo” e o desafiaram, em tom de escárnio, a subir ao Céu como Elias. Certamente, esses “rapazes pequenos” tinham ouvido seus pais rirem da notícia que Elias subira ao Céu, possivelmente dizendo: ‘Se Eliseu afirma isso, que então ele mostre como é feito e que ele, o velho calvo, suba também’. Essa zombaria contra o profeta era um desdém pelo seu Senhor. Para desagravar a honra do Senhor, Eliseu pronunciou contra eles um julgamento divino, formulado na lei da bênção e da maldição, segundo o concerto (ler Lv 26:21,22; Dt 30:19). Após Eliseu amaldiçoá-los “em nome do Senhor [...] duas ursas saíram do bosque e despedaçaram quarenta e dois deles”. O próprio Deus julgou aqueles rapazinhos degenerados, enviando-lhes duas ursas. Não dá prá saber se eles morreram ou não.

Não sabemos como reconciliar completamente esse incidente com o caráter de Deus ou com a bondade do profeta. Se tal reconciliação for possível, devemos entender que os “rapazes” eram suficientemente crescidos para responder moralmente. Eliseu pronunciou essa maldição a fim de vingar a honra do Senhor que havia sido ofendida quando os jovens proferiram aquelas palavras para insultá-lo. Insultar um mensageiro de Jeová é o mesmo que ofender o próprio Deus.

2. A doença de Geazi (ler 2Rs 5:20-27). Nesta narração, observamos a razão principal pela qual Geazi foi julgado: o abandono da fé – a cobiça pelos bens terrenos o levou à maldição. A jovem escrava israelita exercitou sua fé, apesar da tristeza que ardia em seu coração. Naamã exercitou sua fé, mesmo com o preconceito arraigado em seu coração, mesmo com a decepção na corte do rei Jorão, mesmo não entendendo a lógica do profeta, e agora, depois de curado, exercitou mais uma vez a sua fé na convicção de que o “Deus de Israel” o acompanharia de volta a seu país (2Rs 5:17). Mas Geazi, embora conhecesse bem de perto os prodígios do Senhor, em lugar de exercitar, abandonou a sua fé, trocando o sustento de Deus por um modo “mais fácil” de prover o seu conforto. Geazi engendrou um plano diabólico para tirar o máximo proveito daquela situação. Certamente o fascínio do lucro fácil causou um desequilíbrio na mente daquele cobiçoso discípulo, a ponto de usar o santo nome de Deus para justificar sua cobiça: “ tão certo como vive o Senhor, hei de correr atrás dele e receberei alguma coisa” (2Rs 5:20).

Aproveitando-se da euforia e da boa fé do novo convertido Naamã, usou o nome do profeta, inventando a chegada de novos hóspedes como pretexto para ganhar um pouco do que Eliseu recusou. E ganhou mesmo, mais ainda do que pediu; angariou para si 68 kg de prata e duas vestes festivais (2Rs 5:21-23). Bem que a Palavra de Deus nos alerta: “porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores” (1Tm 6:10). E, como um pecado chama outro pecado, o jeito foi continuar mentindo para acobertar o seu deslize. Mas de Deus não se esconde nada. Deus fez com que Eliseu soubesse de tudo por meio de uma visão (2Rs 5:26).

Veja como são as coisas, um pagão estrangeiro foi curado, pela nobreza de sua fé, enquanto um israelita, um estudante de teologia, tomou o lugar do pagão, para a desonra de sua fé. Assim como Acã, Ananias e Safira, Judas Iscariotes....também Geazi vendeu sua alma por prazeres passageiros. A cobiça desse jovem só lhe trouxe maldição, pois com a prata que surrupiou de Naamã, herdou também a lepra que antes era dele (2Rs 5:27). Geazi foi à procura de Naamã em busca de “alguma coisa” e terminou sem “coisa alguma”. Foi em busca de valores materiais, mas perdeu os espirituais. É um perigo quando alguém troca o “ser” pelo “ter”.

CONCLUSÃO

Eliseu realizou milagres fantásticos, sim, mas era um dom de Deus; foram uma clara demonstração do poder de Deus, que teve como propósito específico demonstrar a graça de Deus e sua glória nas mais diferentes situações. Em nenhum momento Eliseu ensoberbeceu-se do dom que havia nele, e nem deixou transparecer que se tratava de algo que ele conseguia manipular através do domínio de alguma técnica. Não há dúvida nenhuma que em todos os milagres realizados estavam a unção de Deus.

Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD.
Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.
Revista Ensinador Cristão – nº 53 – CPAD.
A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck.
Comentário Bíblico Beacon, v.2 – CPAD.
Porção Dobrada – Pr. José Gonçalves – CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal.
Marcos (o evangelho dos milagres) – rev. Hernandes Dias Lopes.
Elias e Eliseu (homens de ação) – Editora cristã Evangélica.

O bom humor necessário na família






O bom humor permite que uma família rompa o círculo vicioso da retroalimentação, que origina e mantém crônicos os problemas. É preciso brincar

Um elemento essencial no processo de desenvolvimento da intimidade conjugal é o bom humor. O termo intimidade, aqui, não tem o sentido de sexualidade que muitas vezes lhe é atribuído, mas sim o de um encontro significativo, descrito pelo filósofo austríaco Martin Buber1 como algo que está além do subjetivo, aquém do objetivo, sobre a estreita serra onde se encontram o “eu” e o “tu” – o reino do “nosso”. Esta realidade, proveniente do encontro de duas pessoas, mostra o caminho que leva para além do individualismo e do coletivismo, a fim de chegar a um modelo relacional único.

Muitas tensões relacionais produzidas nas falhas de comunicação diárias, seja pelas limitações das palavras, seja pela ansiedade que bloqueia um ouvir pleno ou por qualquer outro motivo, poderiam ser diluídas com uma pitada de bom humor no relacionamento conjugal.

Há casais que jamais riem juntos. Muitos têm dificuldade de rirem de si mesmos e das trapalhadas do dia a dia. Fazemos e falamos muitas coisas equivocadas no nosso convívio diário e precisamos aprender a relaxar por meio do humor.

O terapeuta de casais e de família Jorge Maldonado afirma que nas famílias funcionais há um clima no qual as pessoas se gostam e se divertem juntas. Em contraposição, as famílias disfuncionais demonstram menos energia e espontaneidade, e um tom de depressão e desesperança invade as interações e limita o desenvolvimento. O autor alerta que o excesso de seriedade pode tornar o convívio familiar destrutivo.

Quando eu e minha esposa éramos noivos, fomos convidados para uma festa de aniversário na casa de um amigo cuja família era extremamente rígida e com pouca abertura para o humor. Na hora da despedida, o vestido dela acidentalmente esbarrou em um copo de cristal que estava na borda de uma mesa de centro. O copo caiu e quebrou. Houve um silêncio geral na sala e a dona da casa ficou parada à porta, apenas olhando com uma expressão séria. Minha esposa ainda tentou catar os cacos e fazer algo para remediar a situação. Como todos ficaram muito sérios, eu a tomei pela mão, nos despedimos e fomos embora, com a sensação de termos cometido um crime hediondo. É o que acontece quando falta bom humor nas famílias.

Criei um neologismo para tais casais e famílias – chamo-os de “famílias Hardy”, em alusão ao personagem do desenho animado Lippy e Hardy – o leão, otimista, e a hiena, pessimista –, no qual a hiena (Hardy) sempre acha que tudo vai terminar mal e vê o lado negativo em tudo (“Oh dia, oh mês, oh azar...”).

O bom humor permite que uma família rompa o círculo vicioso da retroalimetação, que origina e mantém crônicos os problemas.



É preciso brincar; com os filhos – sentar no chão, brincar de esconde-esconde pela casa ou outras brincadeiras criativas – e também com o cônjuge – fazer cócegas, correr na chuva ou coisas semelhantes.

Mesclar o bom humor e a brincadeira com a ternura e a expressão de carinho aprofunda os vínculos e a unidade conjugal. Afinal não é à toa que o apóstolo Paulo, repetidamente, exorta: “Alegrai-vos!” (Fl 3.1; 4.4).

Fonte: Ultimato
Por Litrazini
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12 coisas para fazer quando você é criticado








Nós seremos criticados uma hora ou outra. Algumas vezes com razão, outras injustamente. Algumas vezes, as críticas dos outros com relação a nós são severas e imerecidas. Outras vezes nós podemos precisar delas.

Como respondemos à crítica?

Seja pronto para ouvir (Tiago 1.19)

Pode ser difícil fazer isso, porque nossas emoções se levantam e nossa mente começa a pensar em formas de refutar o que a outra pessoa está dizendo. Ser pronto para ouvir significa realmente tentar ouvir e considerar o que a outra pessoa está dizendo. Nós simplesmente não desprezamos a crítica, mesmo que ela pareça injusta e imerecida.

Seja tardio para falar (Tiago 1.19)

Não interrompa ou responda muito rapidamente; Deixe que a pessoa termine de falar; Se você responder muito rapidamente você pode falar asperamente ou irado.

Seja tardio para irar-se

Por quê? Porque Tiago 1.19-20 diz que a ira do homem não produz a justiça de Deus. A ira não fará alguém fazer a coisa certa. Lembre-se, Deus é tardio para irar-se, paciente e longânimo com aqueles que o ofendem. Quanto mais nós deveríamos ser.

Não revide

“Quando insultado, [Jesus] não revidava; quando sofria, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga com justiça” (1 Pedro 2.23). Ser injustamente acusado – Jesus foi e, ainda assim, continuou a confiar no Senhor e não revidou.

Dê uma resposta gentil
“A resposta calma desvia a fúria” (Provérbios 15.1). Seja gracioso até mesmo com aqueles que te ofendem, bem como Deus é gracioso quando nós o ofendemos.

Não defenda a si mesmo tão rapidamente

A atitude defensiva pode surgir do orgulho e da incapacidade de receber ensino.

Considere o que pode ser verdade na critica, mesmo que tenha sido dita da maneira errada

Mesmo que seja feita com a intenção de machucar ou de escarnecer, ainda pode haver algo que vale a pena considerar. Deus pode estar falando com você através dessa pessoa.

Lembre-se da cruz
Alguém disse que as pessoas não dirão nada de nós que a Cruz não tenha dito e, mais, que nós somos pecadores que merece a punição eterna. Então, na verdade, qualquer coisa que disserem sobre nós é menos do que a Cruz disse sobre nós.

Volte-se para Deus que te aceita em Cristo incondicionalmente, apesar de seus muitos pecados e falhas. Nós podemos ficar desanimados quando vemos áreas de pecado ou falha, mas Jesus pagou por elas na cruz e Deus se alegra conosco por causa de Cristo.

Considere o fato de que você tem pontos cegos

Nós não podemos nos ver precisamente sempre; Talvez essa pessoa esteja vendo algo que você não consegue ver em si mesmo.

Ore acerca da crítica

Peça a Deus por sabedoria – “Eu o instruirei e o ensinarei no caminho que você deve seguir; eu o aconselharei e cuidarei de você” (Salmos 32:8).


Pergunte a outras pessoas as suas opiniões

A crítica pode estar certa ou ser completamente incabível. Se essa é uma área de pecado ou fraqueza na sua vida, então outros terão visto isso também.

Considere a fonte

Não faça isso muito rapidamente, mas considere os motivos da outra pessoa, o nível de entendimento ou sabedoria, etc. Eles podem estar te criticando para te machucar ou eles podem não saber do que eles estão falando.


Autor: Mark Altrogge - Traduzido por Natália Moreira | iPródigo

Por Litrazini

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À luz da Bíblia, é possível ser curado de doença emocional?








Há várias fontes produtoras de doença emocional: uma família mal estruturada e violenta, a cultura secular, uma religião legalista, opressão maligna e até a própria pessoa, devido à sua inabilidade em lidar com as suas emoções ante as crises da vida, às suas escolhas erradas, à falta de perdão, etc.

As emoções negativas que se acumulam no coração humano — devido a um passado sofrido, a traumas e abusos vivenciados na infância, a perdas, rejeições, injustiças, comparações — provocam frustração, dor, raiva, sentimentos de vingança, baixa autoestima e uma autoimagem negativa.

Com o passar do tempo e o estresse do dia-a-dia, causado pela violência nas ruas e a luta pela sobrevivência, essas emoções represadas e não tratadas vêm à tona em forma de atitudes e comportamentos inexplicáveis (neuroses/transtornos de humor, fobias, síndrome do pânico) e/ou doenças psicossomáticas. A pessoa começa a apresentar perturbações psicoemocionais, acompanhadas ou não de sintomas físicos alergias, úlceras gástricas, dores de cabeça, nas costas.

Para fugir do sofrimento emocional, muitos se viciam em antidepressivos, calmantes e remédios para dormir. Eles não querem investigar a raiz do problema e resolvê-lo. Acham que isso intensificaria a dor que querem evitar. Na busca desesperada por alívio, preferem tomar remédio para dormir ou para relaxar. Entretanto, se combatessem o foco do problema e recorressem à ajuda de Deus, certamente o resolveriam.

O que as pessoas com doenças na alma precisam saber é que a maioria dessas enfermidades não deveria ser tratada com remédios, mas sim com a Palavra de Deus e com a “terapia da oração”. Deus nos criou e nos conhece e entende mais do que qualquer um.

A Palavra de Deus é remédio para os problemas que afligem nosso ser, pois ela nos desnuda, fazendo com que o está dentro de nós seja identificado e possa ser tratado.

As Escrituras são uma fonte terapêutica extraordinária porque a Palavra de Deus trabalha no íntimo do homem, penetra até à divisão da alma, e do espírito [...], e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração (Hebreus 4.12), onde Freud e qualquer outro psicanalista ou psicólogo, gostaria, mas jamais penetrou.

A Palavra de Deus nos estimula à análise introspectiva. Quando você começar a mergulhar dentro de si mesmo, descobrirá a causa que o está levando a esse estado de coisas, e encontrará a solução.

Quem está sofrendo com depressão, angústia, baixa autoestima ou complexo de inferioridade, deve investigar a razão, conscientizar-se de suas fraquezas e suprir suas deficiências, bem como descobrir seus pontos fortes e valorizá-los. Pode ser que, ao analisar a raiz do problema, a solução não seja encontrada de imediato. Mas a pessoa não deve desistir; antes deve insistir nessa autoanálise, pensando sobre o que a tem afligido e contando tudo o que está sentindo ao Senhor, sem medo ou vergonha. O desabafo por meio da oração trará leveza e alívio.

Talvez também seja necessária a ajuda de um terapeuta; alguém formado em psicologia, preparado para conduzi-la em uma análise. Por meio do processo da verbalização começará a desenhar-se a cura.

Para a terapia funcionar, o analisando deve falar o máximo que puder, para facilitar o processo de investigação terapêutica. Assim, por meio da verbalização, o paciente fala sobre todos os seus problemas e, por meio da transferência, lança sobre o terapeuta sua carga emocional. Este ouve o desabafo do paciente e, durante o tempo da consulta, aceita a carga. Mas, no final da seção, devolve tudo para aquele, fazendo uma contratransferência.

Contudo, é bom lembrar que, por mais perspicaz e eficiente que seja o terapeuta, ele não é onipotente nem onipresente, tampouco o dono da verdade. Ele pode formular hipóteses falsas sobre o problema, intervindo de forma errada na terapia. Isso provocará resistência e aversão da parte do paciente, em vez de empatia e cooperação.

A terapia divina é totalmente diferente da humana. Com Deus nunca há antipatia, só empatia, porque Ele é amor, bondade, misericórdia. E Ele ainda tem a capacidade de assumir tudo o que você lançar sobre Ele, fazendo uma contratransferência na hora e na medida certa e indo à raiz do problema.

Quando alguém dobra os seus joelhos para orar, falar com o Altíssimo, que é onisciente e onipotente, sobre o que o está incomodando, machucando, ferindo, o que está dentro da sua alma, imediatamente o processo da cura é iniciado.

O Senhor tem poder para curar depressão, angústia, tristeza, traumas, e resgatar a autoestima e ajudar-nos a ter uma autoimagem positiva de nós mesmos.

Um dos instrumentos terapêuticos dele é a oração e a ministração da Sua Palavra. Além disso, convém ao paciente pensar positivamente, ter uma boa perspectiva da vida e não se isolar! Ele deve manter a comunhão com Deus e com familiares, irmãos na fé, amigos leais; pessoas com quem podem partilhar alegrias e tristezas.

SUGESTÕES DE LEITURA:

2 Samuel 22.7; 1 Reis 1.29; 2 Crônicas 15.4; Salmo 9.9; 20.1; 42; 116; 2Coríntios 1.3,4; 7.5,6; Filipenses 4.6


Autor: Pr. Silas Malafaia
Por Litrazini
http://www.kairosministeriomissionario.com/


VOCÊ PODERIA TER ESTADO NA BÍBLIA






Existem umas poucas histórias na Bíblia onde tudo sai bem. Esta é uma. Consta de três personagens.

A primeira é Felipe: um discípulo da igreja primitiva que tinha uma inclinação para os perdidos. Um dia Deus o instruiu para que fosse ao caminho de Jerusalém a Gaza. Era um caminho deserto. Quando chegou, encontrou com um funcionário da Etiópia.

Deve ter sido um tanto intimidante para Felipe. Se compararia um pouco a subir numa motocicleta e perseguir o secretário da tesouraria. Ao deter-te diante de um semáforo você vê que ele está lendo a Bíblia e lhe oferece seus serviços.

Isso foi o que Felipe fez.

— Compreendes o que lês?

— Como hei de entender se alguém não me explica?

De modo que Felipe assim o fez. Realizaram um estudo bíblico na carroça. O estudo produz tal convicção que o etíope se batiza esse mesmo dia. E depois se separam. Felipe vai por seu lado e o etíope por outro. A história tem um final feliz. Felipe ensina, o etíope obedece e o evangelho se envia à África.

Mas essa não é a história completa. Você viu o terceiro? Há mais um. Leia estes versículos e observe: "E o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te, e vai para o lado do sul (...) E levantou-se, e foi" (Atos 8:26,27, ACF).

"E disse o Espírito a Filipe: Chega-te, e ajunta-te a esse carro. E, correndo Filipe..." (Atos 8:29,30, ACF).

A terceira personagem?

Deus! Deus enviou o anjo. O Espírito Santo instruiu Felipe. Deus orquestrou o momento em sua totalidade! Viu esse homem piedoso que vinha da Etiópia para adorar. Viu sua confusão. Assim que decidiu resolvê-la.

Buscou em Jerusalém um homem a quem enviar. Encontrou a Felipe.

Nossa típica reação ao ler estes versículos é pensar que Felipe era um tipo especial. Tinha acesso à Oficina Oval. Levava um receptor de rádio-chamada do primeiro século que Deus já não entrega.

Mas não se precipites demais. Numa carta a cristãos como nós, Paulo escreveu: "Andai em Espírito..." (Gálatas 5:16, ACF). "Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus" (Romanos 8:14, ACF).

De ouvir-nos falar a muitos, se pensaria que não acreditamos no que dizem estes versículos. Pensar-se-ia que não acreditamos na Trindade. Falamos acerca do Pai e estudamos acerca do Filho... mas quando se trata do Espírito Santo, no melhor dos casos estamos confundidos, e no pior, atemorizados. Confundidos porque nunca nos ensinaram. Atemorizados porque nos foi ensinado que temamos.

Posso simplificar um pouco as coisas? O Espírito Santo é a presença de Deus em nossas vidas, que leva a cabo a obra de Jesus. O Espírito Santo nos ajuda em três sentidos: para dentro (ao conceder-nos os frutos do Espírito, Gálatas 5:22-24), para cima (ao interceder por nós, Romanos 8:26), e para fora (ao derramar o amor de Deus em nossos corações, Romanos 5:5).

Na evangelização o Espírito Santo ocupa o centro do cenário. Se um discípulo ensina, é porque o Espírito ensina ao discípulo (Lucas 12:12). Se o ouvinte é convencido, é porque o Espírito tem penetrado (João 16:10). Se o ouvinte se converte, é pelo poder transformador do Espírito (Romanos 8:11). Se o novo crente amadurece, é porque o Espírito faz com que seja competente (2 Coríntios 3:6).

Em você opera o mesmo Espírito que operou em Felipe. Alguns não acreditam em mim. Continuam sendo cautelosos. Posso ouvir como murmuram entre dentes ao lerem: "Felipe tinha algo que eu não tenho. Nunca ouvi a voz de um anjo". Ao qual respondo: "Como você sabe que Felipe sim?".

Achamos que assim aconteceu. Não nos é ensinado que tenha sido assim. As figuras do flanelógrafo dizem que aconteceu sim. Um anjo coloca sua trombeta na orelha de Felipe, brama o anúncio e a Felipe não resta alternativa. Luzes cintilantes e bater de asas não são coisas às que alguém possa negar. Era necessário que o diácono fosse. Mas, poderia estar errada a nossa suposição? É possível que a voz do anjo tenha sido tão miraculosa como a que ouvimos você e eu?

O quê?


Você ouviu a voz que sussurra teu nome, não é verdade? Tem percebido o toque que te mexe e te impele a falar. Acaso não tem acontecido?

Você convida um casal para tomar café. Nada heróico, somente uma grata reunião com velhos amigos. Porém enquanto entram, pode perceber a tensão. Estão mais frios que glaciais. Você percebe que algo anda mal. Tipicamente não é do tipo inquisitivo, mas sente uma inquietude que se recusa a permanecer em silêncio. Então você pergunta.

Você está numa reunião de negócios onde um de seus colegas é recriminado com muita dureza. Todos os outros pensam: Me alegro que esse não tenha sido eu. Mas o Espírito Santo te conduz a pensar: Que difícil deve ser isso. E então, depois da reunião, se aproxima do funcionário e lhe expressa seu interesse.

Lhe chama a atenção o homem que se encontra do lado oposto do auditório da igreja. Parece um tanto fora de lugar, por causa de sua roupa estranha e aspecto geral. Fica sabendo que é da África e se encontra na cidade por assuntos de negócios. No domingo seguinte regressa. E no terceiro domingo está ali. Você se apresenta a ele. Ele lhe fala do fascinado que está pela fé e de como deseja aprender mais. Em vez de oferecer-se para ensiná-lo, somente o insta a ler a Bíblia.

Mas durante a semana, lamenta por não ter sido mais direto. Liga para o escritório onde ele está trabalhando e fica sabendo que hoje ele parte de volta para seu lar. Dentro de você sabe que não pode permitir que vá embora. Então corre para o aeroporto e o encontra esperando seu vôo, com uma Bíblia aberta sobre seu colo.

— Compreende o que está lendo? — lhe pergunta.

— Como poderei, se alguém não me explicar?

De modo que você, igual a Felipe, lhe explica. E ele, como o etíope, crê. Pede o batismo e lhe é oferecido. Ele toma um vôo posterior e você alcança o vislumbre do que significa ser guiado pelo Espírito.

Houve luzes? Você acabou de acender uma. Houve vozes? Foi a sua. Aconteceu um milagre? Acabou de ser testemunha de um. Quem sabe? Se a Bíblia fosse escrita hoje, poderia ser seu nome o que figurasse no capítulo 8 de Atos.


QUANDO DEUS SUSSURRA O SEU NOME Max Lucado
Por Litrazini
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DEUS para DEUS: estupenda grandiosidade DEUS para o homem: estonteante humildade






Consideremos os seguintes textos bíblicos:

· “Deus não é filho de homem, para que se arrependa” (Números, 23.19); “[Deus é] o Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação” (Tiago, 1.17).

· “Põe em ordem a tua casa, porque morrerás, e não viverás” (Isaías, 38.1) / “Ouvi a tua oração e vi as tuas lágrimas; eis que acrescentarei aos teus dias quinze anos” (id.,ib.,v.5). Entenda-se: Deus, que pronunciara uma categórica sentença de morte sobre o rei Ezequias, que estava enfermo, voltou atrás, diante da contrição e arrazoamento do rei.

· “Senhor Jeová, perdoa; como se levantará agora Jacó? Pois ele é pequeno. Então o Senhor se arrependeu disso: Não acontecerá, disse o Senhor. [...] Senhor Jeová, cessa agora; como se levantará Jacó? Pois ele é pequeno. E o Senhor se arrependeu disso. Nem isto acontecerá, disse o Senhor Jeová” (Amós, 7.2,3, 5 e 6). Ou seja, por duas vezes, Deus ouviu a intercessão do profeta Amós em favor do povo judeu, e alterou o pronunciamento de sua sentença punitiva.

A aparente contradição desses textos se desfaz pelo entendimento de que Deus se revela, na Bíblia, em duas perspectivas: “Deus para Deus”, isto é, Deus em si mesmo, na exclusividade da sua essência, e “Deus para o homem”. Veja-se a tremenda simplicidade, a impressionante concisão com que isso se resume em Êxodo, 3.13-14.

No citado texto, Moisés, convocado por Deus para libertar o povo judeu, escravizado no Egito, pergunta-lhe o nome. E importa observar que o nome, nessa cultura, não era mero rótulo com que, aleatoriamente, se designava alguém. O nome era a expressão de uma característica definidora da pessoa, relativamente a um aspecto físico, psíquico, ético ou espiritual. Esaú, por exemplo, significa peludo; Jacó, suplantador; Elias, Cujo Deus é Jeová. Poderia, também, ligar-se a alguma circunstância de sua vida, tal como aconteceu com o neto de Eli, a quem a mãe expirante pôs o nome de Icabode, Foi-se a glória de Israel. O próprio nome Moisés significa Salvo das águas.

Pois bem, o que Deus respondeu a Moisés?

“E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós” (Êxodo, 3.14).

Entenda-se: na primeira perspectiva, “EU SOU O QUE SOU”, Deus se coloca como o Ser indefinível, já que Ele é infinito; e definir, ou definire, é estabelecer fim, ou finis. Absoluta coerência: a única “definição” de Deus é Deus, que começa e termina em seu próprio começo – EU SOU EU, o Alfa e o Ômega (Isaías, 44.6; Apocalipse, 1.8). Ou seja: o princípio e o fim, que é o começo, estão coincididos na realidade do eterno. Sem dúvida, algo inatingível pela compreensão limitada do homem; uma esfera conceitual fechada, impenetrável pela cogitação humana. Aí resplandece Deus para Deus em sua estupenda grandiosidade.

Nessa perspectiva, Deus é imutável. Ele “não é filho de homem, para que se arrependa” (Números, 23.19); é o “Pai das luzes, em que não há mudança nem sombra de variação” (Tiago, 1.17). É o Ser subsistente que, conforme certa colocação do metafísico Richard Taylor, existe por sua própria natureza intrínseca. É “Deus para Deus”, repetimos, em sua estupenda grandiosidade. Quando Ele fez soar sua voz, de cima do Sinai, o monte tremeu e fumegou (Êxodo, 19.18). E assim aconteceu, mesmo tendo o Senhor descido ao nível do entendimento do homem.

Na segunda perspectiva, aquela do “EU SOU”, Deus se abre, para comunicar-se com o homem. Para isso, Ele desce à realidade do homem. Ele assume o estilo de ser do homem, estabelecendo um plano de relacionamento que permite o diálogo. E diálogo é interação verbal dos comunicantes, em que locutor e interlocutor se revezam no jogo da locução: o eu torna-se tu, o tu torna-se eu – fato, aliás, intuído pelo rei francês Léopold 1er (Fiorin, 1996), séculos antes de o fenômeno ser tratado nas modernas abordagens da Linguísitca. Com efeito, para não se equiparar a seu criado, na reciprocidade da troca verbal, o rei dava-lhe ordens, substituindo o pronome eu pelo pronome ele, garantia de distância. Assim, por exemplo, em vez de dizer ao criado: “Eu quero minha espada” (Je veux mon épée), o rei Léopold dizia-lhe: “Ele [a majestade] quer sua espada” (Il veut son épée).

Ora, o estilo do homem carrega todas as características inerentes à identidade do homem, que é essencialmente um ser limitado – na capacidade e possibilidade do conhecimento, da ação, do exercício da vontade. É próprio do homem, de ângulos diversos, voltar atrás ou arrepender-se. Assim, pois, ao comunicar-se com o homem, assumindo o exatamente como ocorre nos episódios acima referidos (Isaías, 38.1-5; Amós,7.1-6).

Na verdade, as variações no comportamento de Deus em sua relação com o homem fazem parte do seu misericordioso propósito em abrir espaço para o exercício da fé humana, da oração, da intercessão. Objetivam possibilitar uma intercomunicação de intimidade do Pai com seus filhos. São prova da humildade divina em conferir ao homem o direito de contra-argumentar, de apresentar suas humanas razões, possibilitando-lhe, muitas vezes, interferir, alterar situações que se estabeleceriam de forma diversa. Jesus ensinou: “Pedi, e dar-se-vos-á” (Mt7.7)

É ainda nessa segunda perspectiva, na qual se tem Deus para o homem, que se registram outras mostras da estonteante humildade do SENHOR. São as Escrituras que nos dão provas disso:

· “Porque assim diz o Alto e Sublime, que habita na eternidade e cujo nome é Santo: Em um alto e santo lugar habito e também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos e para vivificar o coração dos contritos” (Isaías, 57.15).

· “Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti, que trabalhe para aquele que nele espera” (Isaías, 64.4).

· “O filho honrará o pai, e o servo, ao seu senhor; e, se eu sou Pai, onde está a minha honra? E, se eu sou Senhor, onde está o meu temor? – diz o Senhor dos Exércitos a vós, ó sacerdotes, que desprezais o meu nome” (Malaquias, 1.6).

Foi tão absolutamente grande o propósito de Deus em estabelecer com o homem um nível de relacionamento divinamente humanizado, que o próprio Deus se fez Homem, na Pessoa do seu Unigênito, Jesus Cristo (João, 1.14). E, como Homem, Deus se apresentou na suma expressão da humildade. Eis um testemunho do Apóstolo Paulo: “Jesus Cristo [...], sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz” (Filipenses, 2.6-8).

E foi com essa absoluta autoridade que Jesus pôde dizer: “aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas” (Mateus, 11.28).

Concluindo, pergunto a Você, que acaba de ler este artigo: sua alma está cansada? Muito cansada? Pois saiba: existe Alguém que pode fazê-la descansar... Invoque-O, de todo o seu coração! O Nome dele é Jesus Cristo. Ele ama você, e talvez você nem o saiba.


Maria Helena Garrido Saddi, professora universitária, doutora em Letras, membro da Catedral Evangélica Hebrom. hgsaddi@gmail.com

Moacir Neto - Lidiomar Trazini http://www.reflexoesevangelicas.com.br